Kurdistão, noroeste do Irã, 1978.
A pequena vila de Zalava sofre com demônios que lá vivem porque a vila nasceu de nômades que lá se instalaram e seus demônios que se perdiam pelos desertos, agora não se perdem mais.
Exorcistas vem e vão na vila prendendo os demônios em jarros de vidro que quando jogados para o alto, caem no chão e não quebram, o que quer dizer que os demônios lá estão bem presos.
O problema é que ninguém além desses pseudo exorcistas consegue enxergar ou ter qualquer contato com os demônios. Eles seriam meio que os demônios de Schrödinger, eles existem dentro das casas fechadas quando algum exorcista aparece senão ninguém sabe que eles estejam por lá.
Um dia um policial resolve confrontar essa história de demônios e mostrar que não é bem assim que funciona essa lenda que perpetua há séculos em Zalava e que só atrapalha a vida daquele povo.
Ao invés de ouvirem a voz de alguém com mais estudo e educação formal que o povo ex-nômade e sua formação ancestral, a vila de Zalava inteira se vira contra o policial e claro, contra o demônio que eles acreditam que tomou conta do homem.
Esse horror caipira iraniano é cheio de nuances, de personagens incríveis como a médica que descobre que o nível de adrenalina no sangue dos aldeões é enorme, o assistente do policial que fica entre a crença milenar e a razão do chefe, o exorcista que mais tem medo de algo que a gente nem sabe o que seria e do próprio policial que parece nem acreditar em como ele precisa “ajudar” esse povo tão crente que se recusa a aceitar uma tal de modernidade cética.
A grande coisa do filme escrito e dirigido pelo ótimo Arsalan Amiri é que nós espectadores acreditamos nos demônios mesmo sem vê-los.
E eu também torcia para que o policial estivesse errado em seu ceticismo e em sua luta inglória.
Zalava é lindamente fotografado, filmado em algum lugar que parece mesmo perdido no tempo, o que deixa essa aura de tradição arraigada ainda mais presente, chegando a níveis quase paranóicos perfeitos para um horror desses.
#MostraSP #45Mostra
NOTA: 1/2