Chegou aquela época do ano tão amada por todos nós (pelo menos por mim): está para começar a Mostra de Cinema de São Paulo.
Já assisti vários filmes que estarão em cartaz a partir do dia 20 da semana que vem, todos eles já marcados com #MostraSP e #45Mostra.
Mas vou começar com um filme inédito, THE MOST BEAUTIFUL BOY IN THE WORLD.
Quando em 1970 o mestre Luchino Visconti ia filmar sua versão agora clássica e incomparável de Morte em Veneza, ele procurava “o menino mais lindo do mundo” (do título) para viver o lolito Tadzio.
Na Suécia ele encontrou um garoto de 15 anos de idade, Björn Andrésen, que nunca havia atuado e nem sabia direito o que era ser ator.
Diz a lenda que Visconti se apaixonou de cara pelo jovem mais lindo do mundo e no documentário podemos ver umas imagens que seriam impossíveis de serem feitas nos dias de hoje, como o teste de câmera do menino onde Visconti pede pra ele se despir quase que por completo.
Visconti, inclusive, ordena toda sua equipe que não chegue nem perto do menino Björn, o tratando o tempo todo como se fosse sua propriedade.
Essa é só a ponta do iceberg que assistimos nesse documentário sobre a vida do jovem que de repente vê sua vida virada de cabeça pra baixo e em menos de 1 anos ele sai do ano e depois de filmar com o mestre italiano, já está no Japão fazendo comercial e sendo tratado como super estrela pop, algo visto só com os Beatles, por exemplo, e que acabou servindo de inspiração para um sem número de artistas de mangá, os quadrinhos japoneses, que criaram personagens a partir do loiro de olhos azuis de cabelos cacheados, algo totalmente fora dos padrões orientais.
Björn hoje está com 66 anos de idade, apesar de pra mim aparentar muito mais.
Seu mais recente papel no cinema foi o de um ancião em Midsommar que se sacrifica no início das festividades, personagem bem “espalhafatoso”, por assim dizer.
Mas o que acontece com Midsommar entre os 15 anos descoberto por Visconti até o velho da novo horror é, perdoe a hipérbole, um horror.
O documentário mostra mais do que deveria até, na minha opinião.
A pergunta que fica ao fim do documentário é: será que toda a merda que aconteceu na vida deste cara foi causada por ele ter sido descoberto por Visconti?
Bjorn foi o pop star, o influencer, o teen idol antes disso tudo.
Se a gente sabe como essa molecada termina nos dias de hoje, imagina em 1971 quando o filme foi lançado e quando o controle sobre as vidas alheias, principalmente crianças, era inexistente.
De novo, o filme é ótimo mas se prepara pra respirar fundo algumas vezes com declarações do próprio Tadzio.
NOTA: