Eu vivo num paradoxo interno que me irrita muito de vez em quando.
Por exemplo, eu acho que o cinema feito nos dias de hoje não pode deixar de ser político, engajado, de uma forma ou de outra.
E não tô falando só de filmes que levantam bandeiras, tô falando das comédias bobas e dos horrores de dar medo.
Não tem como em 2021 a gente não pensar em tudo o que está acontecendo na nossa fuça, o mundo acabando na nossa frente e a gente não fazer nada, principalmente através da arte.
Daí eu assisto um filme como Bingo Hell e penso em princípio: porra, precisa colocar gentrificação no meio? Fico boladaço, mas logo a ficha cai e eu me lembro que sim, precisa colocar tudo no meio.
Bingo Hell é um horror engraçado da parceria da Blumhouse com a Amazon, de onde ainda teremos mais 3 filmes este mês.
O filme conta a história de um bairro antigo da Califórnia, onde só moram os últimos e heróicos resistentes idosos que não se deixaram levar pelas ofertas das novas construtoras, dos cafés moderninhos, nem das lojas de maconha.
Pra piorar, já construirão uma casa de bingo totalmente colorida e cheia de luzes que, audácia!, dá prêmios milionários todos os dias.
O que eles não esperavam é que o dinheiro, os prêmios, estaria ligados a maldições e desgraças vindas diretamente do pseudo demônio dono do tal bingo.
A gente mais ri do que sente medo em Bingo Hell. E mesmo assim a gente nem ri tanto.
O filme é daqueles que faltam uma diretora boa, já que Gigi Saul Guerrero mais promete que cumpre.
O roteiro é mediano e o filme quase chega a algum lugar.
Bem quase mesmo, o que é uma pena, já que a falta de sangue e vísceras e cabeças explodindo fazem toda a falta no Bingo dos infernos.
NOTA: 1/2