Em 2019 eu fiz um post sobre um de meus filmes preferidos daquele ano, o ótimo Little Woods, estreia na direção de Nia da Costa.
Além de elogiar muito todo o elenco muito bem dirigido e o roteiro muito bem escrito pela própria Nia, disse que a diretora era uma a ser acompanhada de perto.
Eis que 2 anos depois ela vota aos holofotes dirigindo um dos horrores mais esperados dos últimos bons anos, a continuação do clássico Candyman, aquele filmaço baseado no conto do mestre Clive Barker.
O problema de A Lenda de Candyman pra mim, sem ter visto nada do filme, era que ele seria produzido pelo queridinho de Hollywood Jordan Peele.
E meus medos se tornaram realidade, não pelo filme de horror em si, mas pela mão pesadona do “horror sociológico” que Peele diz que criou lá com o sucesso Corra!.
Ao terminar o filme eu cheguei à conclusão que a maravilhosa diretora Nia da Costa foi chamada para dirigir o filme de super heróis The Marvels porque A Lenda de Candyman foi um bom exercício de criação de filme de super herói.
Tá passada? Tô doido? Não, minha gente.
A mãozona do Peele transformou o monstro assassino Candyman em um super herói, o monstro anti gentrificação.
Na. Maior. Cara. De. Pau.
Acreditem se quiserem, o filme se passa todo em um bairro gentrificado de Chicago onde um artista plástico negro e sua namorada galerista vão morar.
Em pesquisas sobre as origens do lugar que agora se chama Cabrini Towers, um condomínio hipster no meio desse bairro que antes era a periferia negra, Anthony (o maravilhoso Yahya Abdul-Mateen II) fica sabendo da lenda de Candyman, o assassino que décadas atrás matava as pessoas ali onde ele mora em seu apartamento moderno.
Ao pesquisar melhor sobre Candyman para, obviamente usar em sua nova produção artística, Anthony acaba descobrindo mais do que queria e entra numa espiral que deveria ser de horror e desespero.
Só que ao escolherem usar o assassino do mal desgraçado que matava crianças e deixava doces pra elas, os caras transformaram esse cara do mal pra mostrar que os vilões de hoje em dia não são mais os assassinos e sim os especuladores imobiliários e os gentrificadores de tudo na vida, claro, se eles forem burros o suficiente de chamar Candyman 5 vezes olhando para um espelho.
Não ria não, o filme é esse.
Nia da Costa tira leite de pedra fazendo um filme muito competente com uma história forçada demais em um roteiro que nos 2 primeiros terços do filme ainda se segura mas que no terço final se perde de uma forma vergonhosa, sem chance de entendimento nem de volta.
Nia, te amo e sei que a culpa aqui é do produtor e que esse Candyman sirva de exemplo pra quem ache que não existe isso de produtor mandar no filme mesmo com diretora querida e boa demais, como é este caso.
P.S. – Jordan Peel, se manca, vai, deixa o povo fazer filme, queremos menos papo e mais sangue.
NOTA: 1/2