Pra quem (eu!) reclamava que o Nicolas Cage estava desaparecido uns bons anos que se passaram, Prisoners of the Ghostland já é o vigésimo quinto filme estrelado pelo feio de barba torta mais galã de Hollywood só em 2021.
Mentira, não foi tanto assim, mas Nic Cage acho que descobriu que pode ser o rei dos indies B, já que Hollywood não quer mais o vencedor do Oscar.
Daí ele faz tudo e pra nossa sorte, fez um dos melhores dos últimos tempos, o horror psicodélico Mandy.
Prisoners of the Ghostland é um absurdo.
Seria o pior filme do ano, o mais cara de pau, pior que Maligno, se não fosse por um detalhe importante: seu diretor, o japonês infame, (anti)genial Sion Sono tornou o roteiro mais óbvio e sem graça possível em alguns banhos de sangue em cenários lindos, ridículos, esquisitos e convidativos.
Nic Cage é um presidiário, ladrão de bancos, ou de algum lugar parecido com um banco nesse universo doido criado por Sono, que é tirado da cadeia por um cara muito importante, chamado Governador.
Só que esse cara aí mais parece um chefão do crime, todo vestido de branco, rodeado de pseudo samurais armados até os dentes e de pseudo gueixas ousadas, sem paciência nenhuma e que tiram um sarro do Cage pelado.
Bom, Hero (Cage) é vestido com uma roupa cheia de explosivos, para que não fuja, claro e é mandado pelo Governador para resgatar sua sobrinha/neta/filha/amante de um lugar obviamente bem bizarro.
E assim começa a caçada do homem espertão, todo vestido de couro preto, o oposto do Governador, claro, atrás da mulher que talvez não quisesse ser encontrada, a sobrinha/neta/sei-lá-o-quê.
Prisoners of the Ghostland não nos oferece nada além de pouco papo e muita porrada. Muito sangue. Muito close de sangue.
Mas o mais legal do filme é que nos oferece cenários incríveis de um mundo muito particular que nos é totalmente relacionável, de um mundo lixo, de um underground bem possível.
E cheio de personagens incríveis, com suas roupas escandalosas, suas maquiagens espalhafatosas e seus textos gritados e ofensivos.
Sion Sono é um infame diretor que não está nem aí pra padrões e regras e faz em seu novo Prisoners of the Ghostland uma ode ao danem-se as convenções atuais do cinema de gênero, que está ficando maior do que deveria até e por isso mesmo Sono não só subverte mas também dá uma dica aos diretorzões de horror de hoje em dia: relaxem, saiam dos buracos que vocês se enfiaram e façam filmes bem feitos.
Ah, acredita, não tem plot twist em Prisoners of the Ghostland, veja só.
Nic Cage disse que este é o filme mais doido que ele já fez. Eu achava que seria só uma frase marketeira, mas tenho que concordar com o cara.
E pra terminar, a melhor coisa do filme não é o Cage, nem a direção de arte, nem a doideira toda, mas sim a mais uma vez incrível Sofia Boutella, que já já vira nome gigante do cinema.
Prisoners of Ghostland é o melhor filme porcaria de 2021.
NOTA: