Sexta feira 13 de 2021 e não há outra possibilidade a não ser escrever sobre o melhor e mais punk e mais cruel e sanguinário e necessário horror que assisti no Fantasia Festival, Hellbender.
Hellbender é o filme de bruxas que eu não sabia que precisava ver.
Hellbender é o filme de bruxas que acho que se fosse lançado na década de 1970 teria causado uma comoção.
Lançado nos dias de hoje, vai fazer com que todo mundo que o assista se lembre o que é realmente um filme de horror com personagens fortes, bem construídas, com profundidade e várias camadas em um espectro bem amplo indo da fofura ao “filhadaputismo” em um estalar de dedos.
Ou no caso, em uma “cheirada” de sangue no ar.
Izzy é um garota de 16 anos de idade que mora com sua mãe no meio da floresta, afastada de tudo e de todos, por ter uma doença auto imune.
Assim Izzy pensa. Porque aos poucos ela vai descobrindo que na verdade sua mãe, e ela própria, são bruxas.
Daquelas antigas mesmo, que sabem tudo de tudo a partir de ervas e ligações com a natureza que ninguém mais tem, ainda mais em 2021, que sentem cheiro de sangue no ar, que são veganas porque a força animal é prejudicial e que com um estalar de dedos fazem mais do que uma tempestade vinda do nada.
Só que descobrir isso tudo não vai ser fácil para Izzy, já que ela se sente enganada pela mãe, a bruxona fodona da cocada seca, principalmente depois de descobrir como ela foi concebida.
Ontem falei de Kratt e de como o horror caipira é o passado e sim o futuro do horror na minha opinião.
Depois de assistir Hellbender confirmo essa minha afirmação: o horror do mal desgraçado que mete medo e que a gente ama, não o do sustinho ao virar a esquina, tá no meio do mato.
Hoje é aniversário de Hitchcock, se vivo estivesse completaria 122 anos. Vou homenageá-lo com uma frase que explica muito o que penso sobre suspense e horror: o medo não está no susto, está na preparação para o susto.
O momento que a gente tensiona, que o c* aperta, que a gente segura a respiração, que as toxinas se perdem pelo nosso corpo, esse é o momento do medo, não o sustinho do juno scare, que te faz pular na cadeira. Isso é fácil.
Criar clima é o segredo da parada toda.
E Hellbender cria clima, da primeira à última cena do filme, das referências que usa, principalmente do mestre inglês Ken Russel a Deus Jodorowsky.
Quando você imaginou um horror desgraçado que na verdade é um coming of age, um filme de maturidade, de saída da adolescência pra idade adulta, só que sobre uma bruxa que quer chegar chegando, quebrando tudo, o que a gente pode ver a partir da banda que ela tem com a mãe, a Hellbenders, onde a mãe toca baixo e Izzy toca bateria, escreva as letras e as músicas, canta e conta sua história.
Agora. omais legal de tudo é que Hellbenders foi escrito por Toby Poser (a bruxa mãe), seu marido John Adams e sua filha Zelda Adams (Izzy) e é dirigido pelo casal.
Melhor não poderia ser.
NOTA: