Lembra de November, o filme da Estônia que todos nós amamos e nos surpreendemos lá em 2017?
Um dos “monstrinhos” daquele filme era o Kratt, um monstro criado a partir de um ritual com o que a pessoa tivesse ali a mão, que terminava por construir um tipo de robô escravo, para fazer os trabalhos, serviços que seu dono não quisesse.
O problema é que o Kratt não para de trabalhar, terminar uma tarefa e já quer começar outra até que tudo saia de controla, como vimos por lá.
Aqui a história não é diferente, o Kratt é o mesmo, vindo da mesma fonte de folclore estoniano só que ao invés do filme se passar na idade das trevas, neste ótimo filme o Kratt é “construído” nos dias de hoje.
Um casal, que mora na cidade grande e está com o nível de stress lá no máximo, resolve tirar umas férias rápidas e por isso deixam seus 2 filhos adolescentes com a avó, no interior.
Claro que as crianças reclamam um pouco mas se contentam com a mudança de ares porque sempre tem o celular e o 4G para se distraírem.
O problema é que os pais percebem 500 km depois que os celulares de seus filhos estão dentro do carro.
E quando as crianças percebem isso, precisam descobrir como vão se distrair nos próximos dias.
A avó tem a brilhante ideia de fazer com que eles a ajudem a cuidar da casa, cortar a grama, arrumar o quintal, tirar o ferro velho da casinha dos fundos, cuidar da horta e por aí vai.
Com a ajuda de outros 2 adolescentes vizinhos, que se tornam seus melhores amigos rapidinho, eles acham um livro velho onde encontram as regras de como construírem um ajudante e nele colocarem o espírito do Kratt.
E terem um escravinho e poderem não fazer nada, como toda criança gosta.
Só que na hora de invocarem o mostro, o Kratt ao invés de entrar no corpo do monstrengo que eles construíram com peças do ferro velho, o demoniozinho entra no corpo da avó.
E a parada fica feia. Mas engraçada. Mas feia.
O ótimo filme de Tõnu Hiielaid é uma surpresa das melhores, fiquei não só impressionado com o roteiro mas como ele resolveu contar sua história.
Kratt é um exemplo claro do folk horror, do horror caipira, aquele braço do horror onde as lendas, as histórias do interior mais profundo ganham vida.
E o legal é que o mais profundo sempre aparece nessas histórias, e Kratt, apesar do bom humor e da leveza, é um filme de demônio do mal doidão que assusta profundamente.
NOTA: