O que eu amo muito no Fantasia Festival, repito, o melhor festival do mundo de cinema de gênero na minha opinião, é a possibilidade de ter um filme como Dreams On Fire em catálogo.
Dreams On Fire é um drama canadense/japonês tão estranho que por vários momentos eu achei que de repente ele se tornaria uma viagem psicodélico-delirante.
E apesar de não se tornar, o que seria lindo, o estranho drama nem precisou, de tão estranho que é.
Bom, adjetivei Dreams On Fire 3 vezes como estranho que preciso explicar.
O filme é estrelado por Bambi Naka, uma famosa dançarina japonesa que inclusive já esteve em turnê com a Madonna.
Ela vive uma dançarina muito boa que mora em uma cidadezinha no interior do Japão que cuida de sua mãe doente e briga com seu pai para tentar a sorte na capital, largando tudo para trás, ou largando nada.
O filme mostra que os sonhos de jovens artistas sempre, quase sempre, mas sempre encontram vários poréns, vários muros onde dão de cara, vários buracos onde caem e nem sempre conseguem sair.
Yume, a dançarina sonhadora sofre todo tipo de percalços, de abuso sexual a abuso psicológico, passando por problemas físicos, o cúmulo para uma dançarina no submundo da dança em Tóquio.
A saga de Yume em Tóquio parece uma descida aos porões da sanidade e da loucura, de uma Alice descendo pelo buraco do coelho, tudo pelas lentes e câmeras do diretor e roteirista canadense Philippe McKie, que conduz o filme com um olhar que mais parece o de uma dose errada de uma droga também errada.
Mas tudo muito bem fotografado, muito bem coreografado, muito bem escrito e com um elenco incrível.
O vogue, o street, a dança de rua, o hip hop, a mistura de tudo isso e mais um monte são vistos nesse sonho da jovem que se esvai em fogo, em sofrimento, em decepções mas claro, com uma ponta de esperança.
Todos os louros devem ir para a ótima Bambi Naka, que além de dançar como poucos, mostra que seus últimos anos estudando artes vem fazendo efeito e que em pouco tempo muito vamos ouvir falar dessa nova estrela.
NOTA: