Vou contar da minha experiência pessoal com a banda Sparks.
Lá pelos anos de 1980, quando eu era um adolescente que estava saindo do révi métal do Led e Sabbath e me jogando de cabeça no punk e no new wave, que aos poucos foi virando pós punk e assim foi, ouvi Sparks e achei bacaninha, uma bandinha de 2 irmãos estranhos, com letras estranhas e com um som bem dançante.
E só.
Mas como sempre fiz, fui procurar mais sobre os caras e descobri que eles já existiam há anos e só agora eles eram uma dupla mais eletrônica.
Antes o Sparks era uma banda de róqui, ou sei lá o quê, bem engraçadona, já com as letras bizarras e também já uma banda nada demais.
Sabe aquelas bandas que são boas mas não passam disso e que duram mas que não produzem nada significativo demais.
Esses são os Sparks.
Desde então, há décadas eu não ouvia nada dos caras e para se ter uma ideia, nem senti falta.
Porque de vez em quando eu lembro de uma banda da época que não ouço há muito tempo e penso “, ah, que saudade, vou lá ouvir”e passo o dia todo com os vinis em rotação aqui em casa.
Corta para 2021 quando o diretor queridinho inglês Edgar Wright, de Baby Driver, começou a fazer posts no twitter sobre um documentário que ele tinha rodado sobre os Sparks.
Tomei um susto, fui ouvir Sparks e lembrei porque tinha ficado esse tempo todo com os discos deles mofando nas minhas prateleiras.
Mas o hype é grande, Wright é bom nisso e lá fui eu assistir o filme.
Sparks é mais engraçado e atípico do que qualquer outra coisa.
O filme mostra o quanto os irmãos Ron e Russell Mael são caras geniais, cheios de ideias loucas que todo mundo dizia que era “muito a frente de seu tempo” e por isso que eles nunca fizeram o sucesso que deveriam.
Ou mereciam.
Eu tenho um grande amigo artista, fodão, que ouve isso a vida inteira e sabe o que ele me diz? “Caguei, eu quero é ganhar dinheiro”.
A entrevista com os irmãos é ótima, bem divertida e bem esclarecedora para quebrar essa tese de que eles são geniais demais para a indústria musical.
Mas o que me deixou mesmo impressionado foi a quantidade de gente importante na indústria cultural dos últimos 30 ou 40 anos que estão no filme falando de seu amor pelos Sparks.
De Duran Duran a Amy Sherman-Palladino de Gilmore Girls, de Bjork a Beck, de Neil Gaiman a Giorgio Moroder, de Flea a Thurston Moore.
Sparks é bem bom, como disse, mas é um filme de fã, um filme de alguém que tem dinheiro pra gastar sobre um assunto que ele achava que seria tão genial que estava fazendo um favor para a humanidade. Mas não.
Sparks é uma bandinha que sempre esteve à margem, não no underground, vejam bem, era aquela bandinha nada demais.
E agora a gente bem sabe o quanto eles, os irmãos, tentaram por décadas, com 25 discos lançados, com mais de 500 músicas escritas, chegarem lá e não conseguirem o lá que queriam.
NOTA:
Resenha em 30 segundos ou menos:
Trailer: