Se eu tenho uma certeza, hoje, dia 1º de julho, é que este filminho britânico estará na minha lista de melhores filmes de 2021.
Que.
Filme.
Minha.
Gente.
Ben Sharrock, roteirista e diretor de Limbo é o cara a ser acompanhado, junto, por exemplo da ótima , diretora de Censor, não por acaso, outro filme vindo lá do mesmo pedaço de ilhas.
O filme mostra descaradamente o quanto é difícil viver, estar, no limbo, aquele lugar que não é nem um nem outro, nem céu nem inferno, nem lá nem cá.
No limbo do título vive Omar, um jovem, sonhador e exímio músico de alaúde, que fugiu da guerra da Síria, seu país natal e agora vive em um ilha erma, no meio do nada da Escócia, junto com outros homens na mesma situação.
Entre aulas de língua e cultura inglesa com a dupla mas figura de professora e assistente e telefonemas para seus pais, onde quer que eles estejam pelo mundo, Omar espera.
E pensa, e reflete e anda.
Sempre carregando seu alaúde para cima e para baixo, sem nunca tirá-lo de seu case, de sua capa.
Omar está tão no limbo que não tem nem forças para tocar seu instrumento. Nem vontade.
Ele o protege, não deixa ele sozinho, não sai de perto, mas nem encosta no alaúde.
Omar quer poder viver de novo, quer sair do limbo.
Claro que ele quer ser aceito pelo país que escolheu, principalmente porque ele fala inglês. Por isso foi para a Escócia e não para a Alemanha, destino mais óbvio.
Mas ele vai morar nessa ilha, cheia de outros refugiados como ele, esperando qual vai ser seu próximo destino, o céu ou o inferno, claro que o inferno sempre mais possível e mais próximo do que o céu, como ele vê acontecer com companheiros que por lá estão.
E Omar faz questão de dizer que são companheiros, não amigos, porque ele não sabe o que vai ser com cada um deles depois que de lá saírem, dessa ilha perdida, que o pai de Omar em um telefonema pergunta se é como Guantánamo.
Omar representa a solidão do ser humano moderno, aquele que não tem mais pátria, nem família, nem amigos, nem amor e que se alimenta de esperança, que é o que lhe resta.
Omar vive no nada, no lugar nenhum e o filme nos mostra exatamente isso, que na verdade o limbo de Omar é o nosso, que aquele mundo que não é mas já foi, é o nosso, que talvez um dia seja de novo.
Ou se tivermos sorte, em breve será mas diferente, ninguém aguenta mais o mesmo.
Viva Omar!
NOTA:
30 segundos ou menos:
Trailer: