Desde que li pela primeira vez que este filme vinha sendo planejado eu fiquei sempre esperando o dia que assistiria esse documentário sobre uma das mulheres mais especiais que já pisaram nesse mundão de meu Deus David Bowie.
Poly Styrene explodiu para o mundo como a letrista, compositora, vocalista da banda punk inglesa X-Ray Spex.
Aos 19 anos de idade, em Londres, em 1976, a diva “faz tudo”, artista, poeta, Marianne Joan Elliott-Said, filha de pai preto, africana e de mãe branca, inglesa, depois de sofrer a infância e adolescência inteira primeiro pela ausência do pai, depois por não ser considerada nem preta o suficiente nem branca o suficiente por seus colegas, em uma época que, como ela mesma conta, ela e sua irmã fazia parte da primeira geração de crianças “miscigenados” na terra da rainha.
Ao que tudo indicava, Marianne havia nascido na época certa, porque conseguiu usar toda sua história em uma das bandas mais importantes, mais politizadas e mais combativas do punk rock.
Diz a lenda que X-Ray Spex são não foram maiores pelo mundo exatamente por ter essa mulher na frente, vociferando não só as injustiças, mas principalmente falando de sua história que enfiava vários dedos na ferida colonizadora britânica.
Para nossa sorte, durante o documentário temos muitas cenas de shows e apresentações da agora Poly Styrene à frente dos X-Ray Specs.
Muito legal ela explicando o porquê do seu nome, da razão dela ter se tornado um pedaço de plástico.
O filme foi escrito, dirigido e é contado por sua filha Celeste Bell, uma menina que nasceu quando sua mãe era uma deusa punk, com quem viveu e conviveu seus altos e principalmente todos os seus baixos.
Celeste nos conta o quanto ela era a revoltada por ter a mãe famosa, punk, estranha, cheia de amigos doidos e o quanto ela queria ter uma família normal.
Mas Celeste nos conta o quanto ela não tinha consciência do quanto sua mãe era sim especial e que ser “diferente”, para o bem ou para o mal, era o maior dos elogios que sua mãe sempre recebeu e o quanto ela, Celeste, se ressente de demorar para perceber isso tudo.
Conhecer de fato a história da deusa punk Poly Styrene, a mulher que comanda o palco cantando Oh Bondage, vai para a Índia tentar se reencontrar, é internada em hospital psiquiátrico com diagnóstico errado, se mostra uma mãe super protetora, super mãe, mas do jeito dela, volta a cantar e a lançar discos e fazer shows e no meio disso tudo tentasse convencer as pessoas que não era esquizofrênica e que avistar um OVNI era mais uma prova de que ela sempre foi uma pessoal especial e não uma louca qualquer.
O trabalho de sua filha Celeste é lindo demais, deixando o protagonismo todo a quem de direito, não querendo aparecer no filme mais do que o necessário, como vemos em alguns filmes com o mesmo tipo de narrativa.
Teria muito mais a falar do filme, das participações especiais que vão de Thurston Moore a Neneh Cherry, de Vivienne Westwood a Don Letts, todo mundo só “aparecendo” em áudio, para que a verdadeira estrela brilhe.
Inclusive o filme tem textos e falas de Poly na voz da grande atriz preferida deste blog, Ruth Negga.
Tem ficado até chato eu agradecer ao In-Edit Brasil essa semana por ter me dado oportunidade de assistir filmes tão bons e importantes principalmente pra mim que cresci e continuo ser um grande amante do rock inglês.
E acho que pagar 3 reais para assistir Poly Styrene: I Am a Clichê é mais que um presente, a partir do site deles clicando aqui.
NOTA: 1/2
Resenha de 30 segundos ou menos:
Trailer: