Ontem escrevi aqui sobre Slalom, o filme francês onde uma jovem e promissora esportista é abusada sexualmente por seu técnico mais velho e poderoso.
Beyto é um filme suíço-turco sobre um jovem e promissor nadador se apaixona por seu técnico, também mais velho.
A diferença de visão dos filmes mostra-nos muito sobre a visão de sexo e abuso de “autoridade” sob a visão heterossexual e a visão gay, neste caso.
Enquanto o filme francês trata a relação da atleta com seu técnico como abusiva, falando de estupro, Beyto mostra que uma relação de amor nasce com a proximidade do nadador e seu técnico.
Obviamente que os 2 filmes possuem não só visões distintas mas também possuem funções bem distintas.
Slalom quer ser quase que um panfleto (no bom sentido) do abuso de homem mais velho poderoso em relação a mulher bem jovem sob seu comando.
Beyto quer ser um filme de amor proibido não só por ser entre um homem mais velho e poderoso e seu subordinado atleta mas também porque esse mais jovem vem de uma cultura onde ser gay é absolutamente proibido.
Tanto que a família de Beyto (sim, o título do filme é o nome do personagem principal), assim que sabe que o filho é gay e namora seu técnico, arranja um casamento para ele com sua amiga de infância, sem que Beyto saiba, claro, e saem da Suíça onde vivem como imigrantes de volta para sua vila natal, no meio do nada da Turquia.
Beyto fica revoltado mas não tem como escapar e acaba casando com a menina que enxerga nesse casamento arranjado uma possibilidade de ir para um lugar melhor e finalmente poder estudar.
Beyto é bem bonitinho e também é um filme que levanta várias bandeiras não só culturais e essa questão de poder e de idade, como também é um filme que romantiza na medida certa o amor adolescente, a paixão, a descoberta da sexualidade ou melhor, a aceitação da realidade, que é a sua sexualidade.
Beyto poderia “problematizar” de alguma forma a relação do técnico com o atleta, como faz Slalom, mas a diretora Gitta Gsell preferiu seguir outra trilha e nos entregou um drama onde o amor fala mais alto que uma pseudo razão.
NOTA:
Resenha em 30 segundos ou menos:
Trailer: