Assistindo Moscou Não Acontece eu me peguei pensando “ah que filme doido, s´ø poderia ter sido feito na Rússia; e como eu amo a Rússia”.
Daí pensei: será que os russos assistindo Bacurau em algum festival online por lá também ficam pensando que o filme só poderia ter sido feito no Brasil? E será que eles também amam mais o Brasil por causa de Bacurau?
Moscou Não Acontece já começa bizarro pelo título: que porra é essa?
Assistindo esse thriller de ficção científica fiquei esperando o thriller ou a ficção científica em uma história que mais parece uma comédia surreal.
Em uma cidadezinha no meio do nada russo, Lesha vive uma vida tosca com sua namorada que o odeia (e que tem bigode, como deixam claro o filme inteiro).
Pra piorar ele não tem dinheiro, só arruma uns bicos onde não ganha nada e não pode nem beber nem sair nem nada com seus amigos.
Que são toscos como o próprio Lesha.
Um dia, trabalhando em um apartamento que está para alugar por seu dono gangster russo do mal, Lesha ganha umas cervejas de um grupo de artistas/punks/góticos/estranhos pra pegar todo o papel que está espalhado pelo apartamento, inclusive o papel de parede velho e descascado.
Depois de fazer isso, ele e seus novos amigos, junto a uma fotógrafo linda e revoltadinha também, começam a ser perseguidos pelo gangster e seus asseclas grandões e violentos.
Ele acha que roubou os últimos escritos de um novo poeta underground que acabou de morrer, e de quem a turma punk é seguidora, mas não consegue entender o porquê de tanto auê.
Dmitry Fedorov, o diretor deste filme estranhão, conseguiu com bem pouco duas façanhas extraordinárias para um filme de gênero em 2021.
Primeiro foi criar um roteiro tão tonto e inesperado que não te deixa tirar os olhos de seu filme.
E depois foi fazer tal filme de ficção científica com uma quantidade irrisória de dinheiro e melhor ainda, com uma reviravolta de roteiro que nem é uma reviravolta, mas sim uma explicação mais doida ainda do que tudo o que a getne havia assistido até então no filme.
Eu, pra ser sincero, já tinha desencanado da tal ficção científica e tinha embarcado total na historinha doida do casal Lesha e Masha, fugindo dos gangsters enquanto tentam fugir para Moscou depois de descobrirem a verdadeira identidade do tal poeta.
Mas quando chegamos ao que viemos, parece que nossa jornada termina (ou começa) com uma trombada de frente em um carro velho, sem cinto de segurança em um muro que aparece do nada no lugar do resto da estrada, que pra frente não vai.
Maravilhoso.
NOTA: 1/2