Que filme é Post Mortem!
Que filme.
Graças ao Festival Fantaspoa que está disponibilizando essa obra prima húngara, eu comemoro os 17 anos de idade desse blog com muita alegria.
Post Mortem é um horror que mistura o clássico do gênero com essa fase nova de se fazer filmes de medo num filme de fantasmas e possessão e desgraceira como poucos vistos ultimamente.
Não espere pular na cadeira assistindo esse filme.
Mas prepare-se para entrar no universo do fotógrafo (gato) Tomás, um sobrevivente da Primeira Guerra Mundial que vira fotógrafo post mortem, que era moda na época (e eu não sei porque essa tradição se perdeu), onde as famílias tiravam a última foto ao lado de seus entes queridos mortos.
Em poses como se estivessem vivos.
Bizarramente lindo.
Trabalhando em um parque de diversões, Tomás encontra uma menina e percebe que quando estava entre a vida e a morte, viu seu rosto. E resolve ir para sua aldeia para fazer fotos dos mortos, vítimas da peste espanhola (olha a pertinência), que não puderam ser enterrados já que o inverno rigoroso do interior húngaro congelou o solo e também os cadáveres, que estão à espera do sol para terem finalmente a paz.
Ao chegar lá, recebido quase que como um herói, Tomás aos poucos vai descobrindo que a aldeia está tomada por fantasmas (que começam a aparecer em suas fotos) que não só incomodam os vivos, como usam os mortos para fins absurdos e ainda por cima os matam das formas mais cruéis.
Contei muito, você pensou aí?
Garanto que não.
Como disse, o universo criado pelo diretor Péter Bergendy é incrível.
Com um roteiro que beira a perfeição, Post Mortem é o filme de horror que eu tanto amo, sem firula, sem outros gêneros atrelados, sem piadinhas e sem metáforas bobas.
O desespero visto nos olhos e nos corpos dos moradores da vila assombrada é um dos pontos altos do filme: ninguém por lá é feliz, ou está feliz, todo mundo sofre.
Menos a menina Anna, que se encanta com o fotógrafo Tomás e sua possibilidade de eternizar os mortos.
Post Mortem vai crescendo aos poucos, vai nos envolvendo sem que percebamos, como se fosse um dos fantasmas húngaros que toma conta da vila e faz com que seus moradores não tenham mais chances a não ser se entregarem.
E eu me entreguei ao filme, à sua fotografia que em princípio é clássica, fria, mas que tem uma profundidade de luz incrível, fazendo com que um filme colorido seja visivelmente preto e branco, fazendo com que a gente tenha que prestar atenção para voltar a enxergar as cores da direção de arte perfeita.
O elenco todo do filme, comandado por Viktor Klem, que faz um anti herói perfeito que já entrou para a minha lista de preferidos do horror, tem ainda um time de atrizes fazendo viúvas sofridas, já que seus maridos foram para a guerra e não voltaram, que sofrem mais ainda com os vizinhos fantasmas.
Ontem assistindo, achei por uns instantes que o único defeito do filme era uma cena de nu, olha que absurdo.
Apesar de ter apreciado bastante, achei que não tinha um porquê. Até que no segundo seguinte a cena eu entendo sua função e pronto, Post Mortem só confirmou minha paixão por esse sopro gelado fantasmagórico no meu cangote.
Só para terminar, preciso deixar registrado que o final do filme é uma das coisas mais inacreditáveis que assisti nas últimas décadas.
Prepare-se.
E clique aqui para assistir o filme de graça no Fantaspoa.
NOTA: