Cristi Puiu é um roteirista e diretor romeno, dos melhores e mais cabeçudos de hoje em dia, que baseou seu mais recente filme Malmkrog nos escritos do filósofo russo Vladimir Solovyov e colocou seus personagens falando de tudo.
Tudo mesmo.
Em um “único” cenário, na Romênia do final do século passado, onde o fino era falar francês, ter o que falar e o mais importante, saber ouvir.
O problema é que Malmkrog tem horas, sim, mais de 3 horas de duração e nos dias de hoje, saber ouvir ou mesmo conseguir ouvir, é o mais precioso bem, o que seu diretor Piu tenta de todas as formas em um filme intelectualmente rigoroso.
Sim, bem cabeça.
Eu literalmente sofri tentando assistir esse filme na Mostra de Cinema de 2020 mas o sofrimento não foi em vão.
Em certo momento, a discussão vai ganhando ares mais acalorados (mas lembre-se que o filme se passa lá por 1900 no interior da Romênia) e esse ardor acaba gerando uma altercação que na minha opinião abalada e já hipnotizada pelo ritmo do filme, me deixou com a impressão que essas pessoas possam estar mortas e vão passar o resto da eternidade falando sobre… uns nadas no limbo.
Ou uns “tudos”.
O filme é estranho, bem chato se não fosse por essa possibilidade que eu acho bem improvável até, numa mistura de Bergman com Chahine, talvez, num cinema contemplativo, dormente mas muito bem resolvido.
Para o bem ou para o mal.
NOTA: