Nunca na vida eu imaginei que Pedro Almodóvar chamaria a Tilda Swinton para fazer um filme.
Não só o divo chamou a diva como fez um filme só com ela.
Baseado no monólogo homônimo de Jean Cocteau, A Voz Humana é um curta metragem onde uma mulher está em seu apartamento esperando por 3 dias ininterruptos que seu ex amor vá lá buscar suas malas de roupas depois de abandoná-la.
Ela espera e espera até que ele telefona para ela.
E a espera se torna desespero com essa conversa de coração despedaçado e saúde bem abalada.
Tilda sai da sua zona de conforto da mulher cool, lânguida, que chega a limites extremos em seus filmes mas nunca atravessa a linha da “perda de controle”.
Em A Voz Humana, Tilda encarna brilhantemente a heroína almodovariana que com um telefonema ultrapassa a beira do ataque de nervos e vomita suas intenções e frustrações em relação ao ex amor (amante?) que preferiu dizer o último adeus em um telefonema avisando que um funcionário irá buscar suas malas.
O texto de Cocteau, um libreto para ópera, um monólogo teatral, publicado nos anos 1950 é tão atual que proporciona ao diretor e roteirista Pedro Almodóvar a possibilidade de criar um filme que se passa totalmente em seu universo estético e filosófico do melo drama pós moderno, onde ao mesmo tempo o espanhol faz vários meneios às suas referências de vida como os quadros pendurados no apartamento da personagem, o machado, o cachorro desesperado, os livros e filmes que ela arruma em cima da mesa de centro da sala até o figurino que ela escolhe para passar esses dias de espera ansiosa.
A Voz Humana é o trabalho de 2 dos maiores artistas vivos, no auge de suas carreiras, que comprova que somos pessoas de sorte por estarmos vivos ao mesmo tempo que Pedro e Tilda.
NOTA: 1/2