Que filme legal que é The Mauritanian.
Mas não se engane: baseado em uma história real, você vai morrer de ódio.
Não do mauritano do título, mas do que fizeram com ele.
Mohamedou Ould Salahi (o francês deuso Tahar Rahim de Um Profeta) é o tal cara nascido na Mauritânia que morou a maior parte da vida na Alemanha onde foi estudar e que durante um casamento na casa de sua mãe, é convidado a ir a polícia para prestar esclarecimentos e desaparece.
Depois de 5 anos ele é “encontrado” preso em Guantánamo por uma advogada dos EUA (Jodie Foster) que lida com direitos humanos.
Lembre-se que em Guantánamo em Cuba é a base onde o governo dos EUA deixa presos os acusados de terrorismo e Salahi está lá por isso: ele é suspeito de ser o “produtor” dos atentados de 11 de setembro, amigo e contato direto de Osama Bin Laden.
Lembre-se, isso é baseado em uma história real.
O ódio que essa pessoa deve gerar apenas por ser suspeito disso.
Acontece que quanto mais a advogada e sua assistente (Shailene Woodley) fuçam, mais descobrem que: um, Salahi nunca foi denunciado por nada por não terem nenhuma prova além de ter recebido um telefonema do celular de Bin Laden; ele está preso sem comunicação nenhuma há quase 6 anos sofrendo sessões de tortura radicais que o fizeram assinar várias confissões.
Ao mesmo tempo que essa investigação se inicia, o exército começa uma para indiciá-lo e se tiverem sorte, como eles mesmos dizem, conseguir a pena capital para o terrorista.
Acontece que o advogado do exército (Benedict Cumberbatch, bem ruim de sotaque e atitude no filme) mais rapidamente do que pensava, descobre que as provas que não existem foram forjadas, que as sessões de tortura (proibidas) aconteceram e que a conspiração para Salahi ser condenado é visível.
The Mauritian está cheio de coisas muito boas, como a direção cirúrgica do escocês Kevin MacDonald (do ótimo Whitney), usando sua câmera para no mostrar exatamente o que ele quer que vejamos em cada cena, sem parecer preguiçoso nem nada.
O elenco é fantástico, bem dirigido só que com um probleminha com a criação de personagens, por exemplo, a advogada e sua assistente são os extremos opostos, uma bem experiente e outra ainda não, uma com batom vermelho bem vestida e fria e a outra quase desleixada mas mais “humana”.
O roteiro é bom, a ideia toda de focar na história de Salahi preso, com poucos flashbacks e poucas cenas de tribunal é um achado na minha opinião.
Apesar disso, eu preferiria que o filme focasse muito mais ainda nele, o personagem título e o menos possível nos advogados, que sim, são importantes para a história mas não interessantes o suficiente, principalmente o personagem de Cumberbatch.
Jodie Foster venceu o Globo de Ouro de melhor atriz coadjuvante, o que eu não acho que merecia, principalmente porque eu lembrei o tempo inteiro de Gillian Anderson nos cacoetes que Jodie usa nesse filme. De repente ela pode mandar uma carta de agradecimento a nossa musa inglesa.
NOTA: 1/2