Sofro de verdade quando assisto um filme muito ruim de um dos meus diretores preferidos.
Pior ainda escrever sobre o fato.
Goodbye Seventies é a mais recente obra de Todd Verow, o cara que artisticamente detonou um dos meus livros preferidos de todos os tempos, Frisk, de Dennis Cooper, sobre um serial killer gay na San Francisco no final dos anos 1980.
Artisticamente detonou porque ele criou um filme tão desconcertante que, mesmo um fã do livro como meu tendo odiado o filme, entendi onde ele quis chegar. E chegou.
Aliás, essa experiência foi reveladora para que a partir de então eu fizesse os maiores esforços possíveis para conseguir separar um filme baseado em algum fato, ficção ou real, da obra final transposta para as telas.
Goodbye Seventies mostra que Verow continua (para nossa sorte) um iconoclasta.
Com seu cinema radical, ele conta a história de uns amigos viciados em sexo anônimo na Nova Iorque da década de 1970 que resolvem pegar uma câmera emprestada e assim fazem um filme pornô.
E o melhor, eles conseguem exibir o filme no cinema pornô que eles frequentam diariamente.
Se a gente levar em consideração que Todd Verow fez um filme em 2020 como se estivesse fazendo um pornô em 1972, sei lá, mas sem o sexo explícito, Goodbye Seventies é uma obra bem interessante.
O radicalismo de Verow é das coisas mais legais no cinema de arte desde sempre.
O problema é que o radicalismo cai num pastiche, como é o caso desse filme, que está a um passo de ser uma comédia dos Trapalhões se eles fossem uns amigos gays, tarados e bem drogados, contando o que se passou com a transformação do amor livre com o surgimento do HIV como a “praga gay”.
Uma pena.
NOTA: