Atlantis é o filme ucraniano, sucesso em festivais por onde passou em 2020, indicado pelo país a uma vaga para o Oscar de filme internacional.
Atlantis é um dos filmes que eu mais queria assistir nessa temporada tendo visto só o trailer que posto lá abaixo, o poster que está também aqui e as críticas que lia por aí.
O filme é vendido como uma ficção científica que se passa em uma Ucrânia distópica, em 2025, depois de uma guerra vncida pelo país mas com consequências não menos que catastróficas.
A começar pelo personagem principal do filme Sergiy (Andriy Rymaruk), um ex-soldado que sofre de desordem de estresse pós-traumático, pelo que sofreu na guerra, além do que o drama todo não parou com o fim da guerra e nnao vai parar com o começo do filme.
Sergiy trabalha transportando água em um caminhão, o bem mais valioso nesse deserto que se transformou o leste do país, perto da fronteira onde um muro gigantesco está sendo construído.
Em seu tempo livre, começa a ajudar trabalhando com Katya, uma ex arqueóloga que agora trabalha exumando cadáveres, em suas próprias palavras, “continuo trabalhando procurando mortos, antes os mortos há muito tempo, agora os mortos há pouquísimo tempo”.
Katya e Seergiy começam um romance em meio ao caos, como se fosse uma flor nascendo do concreto ou no caso, do deserto.
A ficção Científica Atlantis, apesar de sê-la, é muito também um filme de guerra, ou de pós guerra, só que ao contrário, um filme anti belicista, o filme que de uma forma totalmente peculiar, nos mostra o horror de uma guerra muito recente que poderia muito bem ter acontecido em nosso quintal, porque tudo o que vemos no filme, apesar de ser uma representação futurística e bizarra, é uma representação quase que fidedigna de uma provável realidade.
E isso que me aassustou.
O filme visionário do diretor Valentyn Vasyanovych é de uma beleza dura, com uma luz fria e penetrante, com personagens que aos poucos, sob nossa vista, vão voltando a viver, voltando a ter traços de humanidade e de esperança, mesmo que quase mínimos, mas talvez o suficiente.
A ponta de esperança surge num detalhe tão descaradamente sutil a partir de um recurso técnico do filme que me fez ter calafrios e quase chorar, em meio, de novo, desculpe, a esse deserto de possibilidades.
Atlantis não é um filme fácil, não tem uma edição ágil, muito pelo contrário, é feito de planos longos e fixos, absurdamente bem enquadrados, sem closes, o que nos tira a possibilidade de nos relacionarmos um pouco mais com os personagens em meio a tanta história desgraçada, que é o que restou num pós guerra imaginário.
O único problema de Atlantis é que o filme talvez seja premonitório demais para o nosso gosto. Espero que não.
NOTA: