O Charlatão é o filme da República Tcheca que concorre a uma vaga para disputar o Oscar de melhor filme internacional em 2021.
Dirigido pela mestra polonesa Agnieszka Holland, O Charlatão conta a história do infame herbalista e “curandeiro” tcheco Jan Mikolášek que em sua vida curou centenas, senão milhares de pessoas usando chás e unguentos e fazendo os diagnósticos a partir da urina de seus pacientes.
Ele começou seu estudo das ervas logo após o final da Primeira Guerra Mundial, passou incólume pelo nazismo, muito por ter diagnosticado doenças de oficiais de altas patentes, sempre feitos com todo sigilo mas que durante o comunismo soviético, foi preso por ter “envenenado” dois membros do partidão.
Obviamente, condenado sem provas.
Jan ainda tinha um segredo: ele era gay.
Por isso teve um casamento infeliz que não durou muito, o que sempre foi uma incógnita para quem o conhecia, já que à época se ele dissesse alguma coisa seria preso na hora.
Em certa altura de sua vida, encontrou em seu assistente Frantisek Palko (Juarj Loj), o grande amor de sua vida, com quem viveu até a prisão de ambos.
A vida de Jan é das mais incríveis, mostrando que o tanto de homem bom, que se preocupava com a vida das pessoas, tentava salvar todo mundo como podia, era um homem bem difícil de lidar, quase impossível de se conviver.
O Charlatão é daqueles filmes biográficos que sempre me deixam muito interessados pela vida de seus personagens principais, ainda mais em um filme dirigido pelas mãos precisas de Agnieska.
Ela é uma diretora clássica, que sabe exatamente onde colocar sua câmera, como iluminar cada cenas, como direigir cada personagem, sem preguiça, sem mesmice, surpreendendo a cada filme que lança.
Agnieszka Holland está no nível de mestres do cinema vivos como Polanski, Woody Allen, Konchalovsky, que quando erram é por motivos tão bobos que a gente costuma dizer que um filme ruim de um desses diretores é melhor do que 90% do cinema lançado no ano.
O Charlatão é mais um desses acertos, um filme de quase 2 horas que te deixa querendo mais quando termina.
Obrigado sempre, Agnieszka Holland.
NOTA: 1/2