O que mais existe por aí é filme de casal em d.r., discutindo relação, coisa mais chata de todas.
O Arnaldo Jabor, que pra quem acha que ele é só um comentarista de jornal estúpido da Globo, já foi um diretor de cinema razoável até, e em 1981 ele fez o filme Eu Te Amo, que é uma referência de filme chato de d.r.
No filme, a Sonia Braga ficava por quase 2 horas tretando com o Peréio, em um vestido brilhante, com fenda, bem provocante, dando a ela um ar bem “feminino” glamuroso, a partir de uma ótica bem masculinona véia.
Daí em 1986 o mesmo Jabor teve a brilhante ideia de fazer uma pseudo continuação não do filme Eu Te Amo em si, mas para criar uma trilogia talvez, com um filme chamado Eu Sei Que Vou Te Amar, com Fernanda Torres por quase 2 horas discutindo a relação com o finado e ótimo Thales Pan Chacon.
Fernandinha, inclusive, ganhou prêmio de melhor atriz em Cannes daquele ano.
Esses 2 filmes devem ter sido vistos, revistos, decupados, decorados pelo diretor de Euphoria Sam Levinson.
E o que poderia sair bom disso, de aprender com o erro dos outros, foi na verdade um tiro n’água.
Ele escalou 2 dos principais atores jovens de Hollywood, Zendaya e John David Washington e durante a pandemia colocou os 2 em uma casa depois de terem decorado calhamaços de um roteiro raivoso e filmou em preto e branco, como Jabor fez em seu segundo filme.
Malcom é um ator, roteirista e diretor que chega em casa com sua namorada modelo famosa Marie logo após a premiere de seu filme que recebeu todos os elogios possíveis durante e depois da exibição.
Só que o cara é um escroto, o típico macho americano “em comando” (inclusive Washington usa durante o filme muitos dos maneirismos de seu pai Denzel e pior, do uber macho escroto de Hollywood Mathew McCoughney).
Malcolm de cara percebe que Marie está incomodada com algo que aconteceu durante a premiere e do alto de sua superioridade escrota, acha que ela estava com ciúme da atriz principal do filme brilhar mais que ela.
Ao que Marie diz que na verdade estava louca da vida porque em seu discuro, Malcolm agradeceu todo mundo possível no universo, de sua mãe ao quinto assistente de produão que ele não lembrava o nome e não agradeceu sua namorada, que foi a inspiração para a personagem principal do filme, uma ex junkie em recuperação.
Uma coisa que me fez entender bem o casal é que eles discutem gritando, o que é normal na minha família.
O problema é que as discussões dos 2 são a coisa mais chata que eu vi no cinema ultimamente.
O filme de 106 minutos parece que tem pelo menos umas 3 horas, que não vai acabar nunca mais.
O roteiro é um atolado de referências de cinema onde não precisam estar, um bando de frases feitas misóginas, de auto piedade, de super superioridade (pior é que isso mesmo) e pra piorar, eles tiram os problemas do nada o tempo inteiro.
O filme seria pior ainda se não fosse a Zendaya, que tem pelo menos uma cena genial, a da faca. Mas só também.
O resto é diretor se achando muito mais do que realmente é, e isso a gente vê no texto de Malcolm, um diretor que como diz Marie, se acha muito mais do que realmente é.
I’ll be you mirror, diria o Lou Reed.
NOTA: 1/2