O Espião é um documentário chileno indicado pelo país a uma vaga para disputar o Oscar de filme internacional em 2021.
(tô adorando esses dias todos começando os posts com essa frase, mudando o filme e o país, só com filmes bons)
O Espião é um velhinho contratado por um investigador particular para ser internado em uma silo por 3 meses para descobrir, ou pelo menos tentar descobrir, como uma paciente lá internada é tratada, a pedido da família da mulher.
Apesar da vibe engraçada sem intenção inicial, acredito eu, de ter um idoso tão espirituoso participando desse esquema, O Espião na verdade é um dos filmes mais tristes que vi ultimamente, mostrando a real situação da população idosa no Chile depois que o governo neo liberal acabou com a aposentadoria como era e a transformou em uma coisa híbrida, imoral e cruel.
Pra quem não se lembra, era o tipo de coisa que o governo genocida tentou fazer por aqui e não conseguiu passar pelo Congresso. Mas essa é outra história.
O esquema para O Espião ter sido realizado foi possível a partir de ideias boas e um bom dinheiro: a equipe entrou no asilo para fazer um documentário qualquer e nesse tempo o espião também entrou e tinha contato com o mundo exterior via celular ao mesmo tempo que era “seguido” pela equipe de filmagem, sem levantar nenhuma suspeita.
Isso tudo fez com que o filme tivesse uma força tão grande, porque o esquema de mentirinha permitiu que o esquema real fosse realizado de uma forma que seria impossível se fosse pedida a autorização inicial.
Só por isso a importância de O Espião já cresce, saindo de um mero documentário a serviço de um bem maior a uma aula de realização única e importantíssima.
NOTA: