Maçãs é o candidato grego ao Oscar Internacional de 2021.
Estreia na direção de Christos Nikou, que foi assistente de direção de Yorgos Lanthimos, Maçãs tem uma grande dose de influência do cinema surreal do diretor grego consagrado.
Aris é um cara de seus 30 e tantos anos de idade que um dia sai de casa e logo descobre que não se lembra quem é, onde mora, de onde veio nem pra onde vai.
Pelo caminho ele já vai percebendo que não é o único a sofrer dessa amnésia repentina, ao encontrar gente pela rua tão perdida quando ele.
Aris é levado a um hospital onde fica em observação durante um tempo onde a única coisa que tem certeza, lá dentro, é que gosta de comer maçãs.
Logo ele recebe alta e é encaminhado a um apartamento onde começa um tratamento para tentar recuperar a memória, de uma forma bem peculiar: ele deve ouvir fitas K7 com instruções do que fazer a cada dia que vai passando.
E tudo o que ele faz ele precisa fotografar com uma polaróide e fazer um álbum de retratos de seu progresso. Ou não.
Eu esperava que Maçãs tomasse um caminho bem diferente do que o filme toma. Essa surpresa em princípio não me agradou mas aos poucos eu fui entendendo qual o “sentido” dessa comédia grega estranha.
O único problema do filme para mim é que esse estranho poderia ter sido mais estranho do que é, quase bizarro mesmo, como vemos nos filmes do Lanthimos, chegando ao surreal ou ao super real distorcido.
Mas Maçãs não é ruim, muito pelo contrário.
É uma comédiazinha fofa, bonitinha, onde Aris, seu personagem principal, precisa lidar com essa disrupção em sua vida da melhor forma que pode enquanto espera que as coisas voltem ao normal.
A “mensagem” do filme, se ele a tivesse, é que Maçã nos joga na cara que a vida precisa ser vivida da maneira que for.
Eu acho ainda que mostra que o passado precisa ser levado em consideração para aprendermos com nossos erros, mas nem tanto em consideração para que fiquemos sofrendo e carregando cruzes desnecessárias.
Aris é um personagem que aprende a viver com o que tem e aprende a filtrar o que vai (re)aparecendo em sua vida, o que pode ser a grande pegadinha boa do filme.
NOTA: 1/2