Armando Iannucci é um sujeito dos mais interessantes em atividade lá pelas ilhas escocesas.
O cara se diz satirista e assim ele faz teatro, cinema, escreve, dirige, desenha e tudo o mais que lhe deixam fazer e lhe dão dinheiro, como ele mesmo diz por aí.
Anos atrás, em 2017, ele entrou no meu radar com um dos filmes mais legais daquele ano, A Morte de Stalin, uma (claro) sátira à morte do tirano soviético, contado de uma forma que parecia que Iannucci reinventava a roda, ou o cinema, ou o teatro, já que o filme parecia que tinha sido criado para os palcos ou a peça tinha sido perfeitamente traduzida para ser projetada.
(Diametralmente oposto à porcaria que resenhei ontem, o truque da Netflix com a grande Viola Davis que perdeu seu lugar no filme em detrimento a uma edição equivocada para forçar uma barra para que o finado e amado e gigante Chadwick Boseman ganhasse a frente em um filme que não foi escrito para seu personagem brilhar).
The Personal History of David Copperfield é o mais novo petardo de Iannucci, uma versão bem peculiar do clássico bretão de Dickens.
Copperfield é um daqueles personagens de uma era inglesa que nunca me interessaram muito e sempre que vejo filmes ou alguma coisa de tv baseado em sua história, sorrio um pouco e logo passo para o próximo.
Foi exatamente isso que aconteceu com esse filme, que é bem melhor do que eu esperava, mas mesmo assim não me pegou.
O roteiro do próprio Iannucci é ótimo, cheio de piadinhas espertas e muito bem colocadas em um vai e vem de personagens que só não me irritaram porque o elenco é um absurdo de bom.
Copperfield é vivido por um Dev Patel iluminado, que não explode na tela porque ao seu lado e em seu encalço estão a Deusa Tilda Swinton, Hugh Laurie, Ben Whishaw, Aneurin Barnard, Rosalind Eleazar, Gwendoline Christie, Peter Capaldi e mais uma quantidade de atrizes e atores que só poderiam existir em terras shakespeareanas.
O problema do filme para mim foi a visível falta de dinheiro, apesar dele parecer ter custado um monte.
Mas um roteiro desses nas mãos de um Terry Gillian em seus bons dias, teria dado frutos totalmente diferentes.
Contar as aventuas de Copperfield no cinema em 2h de filme é um feito e pelo sucesso que o filme fez por aquelas plagas, espero que Iannucci pense em uma versão bem mais longa, como uma mini série de uns 4 ou 5 episódios, o que seria lindo demais.
NOTA: