Poucos filmes em 2020 são melhores dos que estrelados por atrizes super experientes e competentes que sempre deram showzinhos em seus filmes (no melhor sentido) e à medida que o tempo passa, os shows se tornam inesquecíveis.
Como foi o caso de minha paixão por Pacarrete por causa de Marcélia Cartaxo.
E agora em Deux, esse filme francês pequenininho que se bobear passa despercebido de tudo mas que tem a gigantesca Barbara Sukowa, sim, aquela atriz/diva alemã dos filmes do Fassbinder e que também já foi Hannah Arendt e Rosa Luxemburg no cinema.
Agora Barbara é Nina, uma alemã que mora em Paris, no apartamento em frente ao de sua namorada Madeleine, uma francesa viúva com 2 filhos adultos que não fazem ideia desse relacionamento de sua mãe.
Nina e Mado passam os dias juntas, dormem juntas (e acordam cedo e vão para suas casas quando chega alguém), se amam e fazem planos de vender tudo e morarem juntas em Roma.
Só que para os planos se realizarem, Mado precisa contar aos seus filhos, o que ela faria no jantar de seu aniversário se conseguisse.
Mas não consegue.
O problema é que o não contar aos filhos sobre sua decisão não vai ser o maior empecilho: Mado, de uma hora para outra, tem um derrame em casa.
Deux (Duas) mostra que o amor sobrevive a tudo e a todos, à todas as diversidades que aparecem em nossas vidas, seja a vergonha de assumir um romance lésbico ou a impossibilidade de andar e falar e ser independente a partir de um acidente cerebral.
A direção linda e precisa de Filippo Meneghtti faz com que essas 2 personagens que praticamente nunca são mostradas no cinema, as lésbicas idosas, são tão ou mais interessantes que as modernas e as bichas hype e as lésbicas jovens e lindas.
Nina e Mado formam um dos melhores casais do cinema de 2020.
As cenas em que Mado, sofrendo as mazelas do derrame, tenta se comunicar com sua amada, seja tocando o braço ou derrubando uma xícara são de arrepiar.
Se a gente acha que a molecada sofre saindo do armário, tendo que contar para a família sobre sua orientação sexual ou mesmo sua identidade de gênero, Deux mostra o quanto mulheres idosas sofrem até mais.
E mesmo assim o amor, quando está lá, é maior e mais forte que tudo.
Deux é um filminho lindinho demais, com uma história emocionante e não só por causa de Barbara Sukowa e seu poder em frente as câmeras mas também pelo contraponto criado pela francesa Martine Chevallier em sua Mado frágil, tímida mas muito poderosa.
NOTA: 1/2