Finalmente assisti essa bomba de maravilhas que é The Forty-Year-Old Version e só digo uma coisa: corra pra Netflix, veja e seja feliz.
O filme semi autobiográfico da atriz, roteirista e diretora Radha Blank é um drama tão bizarrinho que por horas acaba sendo bem divertido, mesmo sendo, repito, um drama.
Radha é uma mulher às vésperas de completar 40 anos de idade e só por isso já está com encucações infindas.
Ela é uma autora teatral preta, pobre, vive no Harlen em NY, dá aula de teatro para adolescentes sub privilegiados (quer dizer, também pobre e pretos e latinos e por aí vai).
Seu maior sofrimento vem do fato de que 10 anos antes ela ganhou um prestigioso prêmio “30 com menos de 30” onde apostavam que sua carreira seria impressionante.
Só que não foi.
E Radha não sabe onde se perdeu.
Ela só sabe que para se reinventar, ela tem que virar um rapper.
Como RadhaMussPrime ela quer fazer rimas, contar suas histórias através da música, já que sua peça sobre gentrificação na periferia está sendo cotada para uma montagem com um detalhe que a mete medo: o produtor, a diretora e os investidores são todos brancos.
E Radha sabe muito bem o que acontece quando esse povo coloca as mãos no que ela escreve, o cúmulo da metalinguagem.
The Forty-Year-Old Version é um filme tão intimista, filmado em preto e branco, com a câmera na mão e na cara de seus personagens, que parece que a gente está ali com Radha e sua turma de amigos, alunos e a melhor de todas, sua turma de rappers maconheiros, claro.
O que Radha Blank, a atriz e diretora, faz com Radha, a personagem, é grandioso e ao mesmo tempo íntimo. É tão profundo que que os mínimos detalhes vistos sob a macro de um olhar preciso explodem com a força de jatos de amor.
The Forty-Year-Old Version venceu o prêmio de direção do Festival de Sundance 2020 colocando Radha na mira de Hollywood, exatamente o que acontece com a Radha do filme e para nossa sorte, o filme foi comprado pela Netflix.
NOTA: