The Dark And The Wicked é daqueles filmes de terror que te olham na cara bem de perto, te seguram pelos braços, te chacoalham pra frente, pra trás, pros lados e não param até acabar.
É o tipo de filme que eu adoro, uma fatia da história, sem vergonha na cara.
Ele começa com os filhos adultos de um casal idoso indo visitar o pai que está de cama, em um tipo de coma ou sei lá o que de verdade, prestes a morrer.
Um detalhe: a mãe avisa os filhos que fiquem pouco, que vejam o pai e voltem para suas casas.
A família não é a mais unida nem a mais carinhosa do mundo, onde cada um vive sua vida e essa volta dos filhos ao sítio onde moram os pais parece ser mais obrigação mesmo do que simpatia pelo moribundo.
Como todo bom filme de terror, ainda mais em tempos pós-Hereditário, o roteiro de The Dark And The Wicked entra numa espiral de desgraça pouco vista e que, para nossa sorte, vem se tornando uma constante.
Espiral essa que não dá folga ao espectador e nesse caso em particular, não dá folga a seus personagens já que logo no início a gente vê que alguma coisa bem do mal está acontecendo naquela casa, principalmente por causa dos pesadelos que o casal de filhos passa a ter.
Uma das coisas mais legais do filme é que a família deixa claro o tempo todo que eles são ateus, não acreditam em Deus nem em religião nenhuma e o tempo todo somos bombardeados com informações que esse mal vendo de demônios ou espíritos malignos ou qualquer coisa dessa família infernal.
Essa discussão sobre acreditar no médico que diz que o pai tem que ficar em casa para morrer porque não há nada que se possa fazer no hospital em extrema dicotomia com o que a família presencia não tão sutilmente do mal que vem lhe acometendo, é linda.
Eles até recebem em casa um padre que se diz amigo da mãe e que age estranhamente calmo e composto com tudo o que acontece ao seu redor.
Digo isso também em relação a enfermeira que cuida do pai, que quando diz ser religiosa e acreditar que alguma força está agindo ali há muito tempo, finalmente abre, sem querer, seu corpo ou sua mente para os diabinhos. E não vai ter terço nem oração que a ajude.
Um conselho: não assista esse filme a noite, no silêncio, sem ninguém por perto. Fiz isso e o sono foi bem complicado.
E a vontade que eu tenho é de comentar mais sobre o filme, mas o pouco que falei é o limite pra não começar a dar spoiler, a contar mais do que deveria, então a discussão é super bem vinda, mandem mensagens, quero saber o que vocês acham da família fofa e de seus visitantes. De todos eles.
Pra terminar, continuemos de olho no diretor Bryan Bertino, em sua melhor forma nesse filme e principalmente em Marin Ireland que atingiu um ápice lindo como a filha incrédula e desesperada.
NOTA: 1/2