O Que Ficou Pra Trás é um filme de fantasma dos bons, uma ótima alegoria aos fantasmas que não nos largam, que assustam nossas vidas toda vez que a gente coloca a cabeça no travesseiro.
Ou pior, aqueles que nos assustam enquanto estamos bem acordados.
Rial e Bol são um casal que consegue fugir aos trancos e barrancos da guerra civil no Sudão do Sul.
Em Londres eles conseguem entrar no sistema para refugiados “ganhando” uma casa.
Nova para eles mas muito detonada, com uma história aparente não das melhores.
O que o casal não esperava é que os tais fantasmas os acompanhariam e não só se alojariam nessa casa nova mas também em suas novas vidas, lembrando que o passado não pode ser deixado para trás como eles gostariam.
O roteirista e diretor Remi Weekes constrói um filme de fantasmas ou de casa mal assombrada ou de horror e medo e susto a partir do horror da vida real, das memórias, dos pesadelos.
O destaque do filme é mesmo o casal principal, vividos pelo ótimo Sope Dirisu e por uma das minhas atrizes preferidas de 2020, Wunmi Mosaku (a maravilhosa Ruby Baptiste de Lovecraft Country) que aqui rouba o filme como a esposa/mãe/mulher perdida lá e cá, que não sabe o que fazer e que mesmo assim não desiste, não deixa de tentar.
O Que Ficou Pra trás poderia ser apenas um drama sobre o pesadelo de uma vida nova, deixando outro pesadelo para trás onde se questiona o que é melhor.
Mas o roteiro adentrando o campo do sobrenatural, do medo metafísico além do medo real, eleva o filme a um nível maior e muito mais interessante do que eu esperava.
NOTA: