Siberia é o novo filme do diretor americano radicado na Itália Abel Ferrara.
E o sexto filme de sua parceria com o também americano também radicado na Itália, Willem Dafoe, quem a gente já pode chamar de ator fetiche e depois desse filme, alter ego.
Siberia é a prova de que quando quer, Ferrara filma bem demais.
O filme é lindo, muito bem fotografado, com uma direção de arte perfeita, locações ótimas.
Mas Siberia parece mais uma miração de Daime do que um filme em si. E vindo de Abel Ferrara, essa miração pode ter acontecido em alguém que já estivesse viajando de heroína.
Siberia, apesar do que você vai ler muito por aí, é uma viagem linda mas ordinária.
É o Ferrara querendo ser Tarkovsky e acertando em Tarsem de Loosing My Religion, não chegando aos pés do mestre russo.
Siberia não tem profundidade, não tem sutileza.
O místico, o metafísico do filme é pra quem está ainda se aventurando por caminhos da alma. Um bom começo, mas ainda na superfície.
As viagens de Clint, o barman americano pela Sibéria, parece que foram tiradas de um vários clipes de bandas medianas americanas.
E isso fica mais evidente ainda quando a trilha do filme vai mudando a cada miração ou viagem ou delírio ou aprofundamento no eu.
Clint claramente tem um problema perigoso com seu pai já morto e ele aparecendo o tempo todo nas visões é a prova de que o daime estava lá presente.
Só que diferente de sessões de daime, onde a gente é “disposto” a resolver traumas, em Siberia o pai de Clint só aparece pra dar “olá querido”, dizer um frase de efeito que ao final não ajudam em nada a personagem.
Eu gosto de Siberia, gosto do Ferrara, adoro o Dafoe mas não posso deixar de pensar que apesar de bem feito, bem filmado, o filme faria mais sucesso em uma premiação da MTV do que num festival de Berlim, como sabemos que de lá saiu de mãos abanando.
NOTA: