Em 1984, tipo séculos atrás, os Talking Heads, uma banda de NY, comandada pelo geniozinho David Byrne, chamou um diretor que estava em início de carreira para dirigir um filme sobre um show que eles vinham fazendo.
O filme, Stop Making Sense, mudou a história de shows filmados, sendo um ponto de referência com antes de SMS e depois de SMS.
Ah, o diretor iniciante alguns anos depois conseguiu o que poucos na história de Hollywood conseguiram, que foi vencer os 5 principais Oscars de uma vez com O Silêncio dos Inocentes: melhor filme, diretor, atriz, ator e roteiro adaptado.
Claro que estou falando do maravilhoso Jonathan Demme.
36 anos depois o mesmo David Byrne resolve filmar um show que ele vinha apresentando há um tempo na Broadway, chamado American Utopia.
Dessa vez ele chamou um diretor com um pouco mais de experiência e com bastante força na luta do dia a dia em um país desgraçado, como está os EUA, ninguém menos que Spike Lee.
American Utopia, o documentário, o filme, o registro do show filmado, é outro absurdo.
O que eu já tinha visto do show em vídeos sempre me arrepiava. A história toda o show, a filosofia por trás do que Byrne criou é de coroá-lo mais uma vez, depois de tantas coroas que ele já leva em sua vida.
Se o show tivesse sido gravado com uma câmera fixa mostrando o palco inteiro eu já teria me dado por satisfeito.
Mas Spike Lee, gênio, repito, gênio que é, um cara que sabe o que fazer com cinema, nos coloca dentro do palco, em meio aos músicos, que como diz Byrne, “é o que importa, as pessoas no palco, mais que os instrumentos”.
Juntar Byrne e Spike Lee pra mim é sonho realizado, duas das pessoas que mais me inspiram na vida, desde os anos 1980.
Ver um trabalho realizado pela dupla em seu auge é um privilégio.
Mais do que sair dançando pela sala, American Utopia tem que ser lido e não só visto e ouvido, o que vai te fazer ter uns chacoalhões fortes e com certeza te fazer arrepiar mais do que você esperava.
Filme do ano.
NOTA: