Bem meu povo, chega de novo aquela época maravilhosa do ano, a época da Mostra de Cinema de São Paulo.
A partir de amanhã começo a postar vistos na Mostra junto com sues links, já que ela acontecerá obviamente toda online.
Alguns filmes que estarão na programação eu já resenhei por aqui como Shirley, Bem Vindo a Chechênia, Favolacce e meu super preferido Jantar na América.
Hoje vou falar de The Surrogate, um indie americano lindo demais sobre “barriga de alguel”.
Jesse é preta, uma designer bem sucedida, descolada, inteligente, bacanérrima, como diria um amigo meu.
Ela é super amiga de Josh e Nate, um casal gay e como eles dizem por lá multi racial, já que Josh é judeu e Nate é preto. Bem hipsters, vivem no Brooklin, tem um apartamento cool, se vestem bem, dá pra ver que ter um filho é o próximo passo natural em uma lista de conquistas de vida.
Jesse resolve dar uma força à dupla, por ser muito amiga de Josh e engravida do filho dos dois.
Tudo lindo, maravilhoso, acordo feito, eles bancam todas as despesas da gravidez obviamente e depois que a criança nascer Jesse fica sendo uma madrinha enquanto os pais seguem com sua vida.
Mas tudo muda mais cedo do que eles imaginam quando em uma consulta para saber resultados de exames, descobrem que a criança sendo gestada é portadora da síndrome de Down.
Quem poderia imaginar que a notícia do trisomie 21, aquele cromossomo a mais, causaria uma mudança tão drástica na vida dos 3, principalmente na vida de Jesse que de “hospedeira” da criança, aos poucos vai se envolvendo mais e mais com as ideias de criação de uma criança com Down e entende o quanto isso hoje em dia é mais bem resolvido do que se poderia esperar.
Já Josh e Nate têm uma percepção diferente e os planos vão se tornando cada vez mais diferentes para ambas as partes.
The Surrogate é um filme que dá uma aula a produtores, diretores e roteiristas de como resolver o maior problema do cinema, do fazer filme, que é ter muito pouco dinheiro.
Neste filme escrito e dirigido por Jeremy Hersch vemos não só um elenco extremamente bem dirigido, que deve ter sido extremamente bem ensaiado antes de filmar e também um truque básico mas ainda não usado como se deveria: filmar em locações, várias locações diferentes, locações pequenas e quase indiferentes mas que dão uma cara peculiar e que no final ajudam a contar a história.
Jesse se encontra com muitas pessoas para discutir seus problemas durante o filme e sempre o faz em cafés ou restaurantes, o que mostra que ela não quer tanta intimidade assim para falar de si e por isso procura locais públicos.
Sempre que ela conversa com o casal de amigos é na casa deles, o que mostra que a intimidade necessária é diferente, que o assunto a ser discutido não permite que os encontros sejam na rua, apesar da sequência ao final do filme, que mostra a dicotomia da relação dos 3.
The Surrogate é um filminho que pode passar despercebido pelo fato de com certeza não ter tido muito dinheiro para divulgação já que não foi comprado por nenhuma distribuidora grande, mas com certeza é um filme a ser visto e discutido.
Pra finalizar, todas as palmas para a ótima Jasmine Batchelor que fez de Jesse uma das personagens de 2020 dando vida aos diálogos mais reais e pertinentes do ano.
NOTA: 1/2