Kit é um vietnamita que se mudou para a Inglaterra com a família quando tinha 6 anos de idade.
30 anos depois ele retorna ao Vietnã, mas se sentindo mais inlgês que nunca, para levar os restos mortais de seus pais para descansarem em seu país de origem.
Essa história é contada em Monsoon, um filme quase perfeito, onde Kit, esse cara que não tem dúvidas em relação a “de onde veio”, passa por situações bem específicas na sua Vietnã natal que vão, bem devagarzinho, fazendo com que ele repense sua vida.
E de sua família também quando por exemplo, alguém pergunta pra ele porque enterrar seus pais lá já que eles fugiram e nunca mais quiseram voltar para onde nasceram.
É profundo, é bonito e é o que faz com que Monsoon não seja só o filme gay que tem sido rotulado já que Kit não tem nenhum problema com sua sexualidade, o que fica claro desde o início do filme.
O diretor Hong Khaou mostra com Monsoon (depois de ter estreado com o ótimo Lilting) que seu cinema não é simplista nem tampouco óbvio.
Monsoon é o filme que levanta questões não somente sexuais ligadas ao personagem gay e nem somente políticas, ao contar a história da fuga da família após perseguição no Vietnã pós guerra.
Khaou é sutil no conteúdo e na forma.
Seu personagem principal Kit (vivido pelo maravilhoso Henry Golding de Podres de Ricos) eleva Monsoon a um patamar praticamente único, mostrando que alguém pode ser sexualmente ativo e estar passando por uma fase de revelações e dúvidas e de ressignificâncias de vida.
Nada no filme é de graça, nada é por acaso, cada enquadramento, cada abajur vermelho no fundo, cada sequência nos tira de uma zona de conforto cinematográfica onde, em pleno século XXI, ainda nos impressionamos com um quarto azul e um corredor verde e lá no fundo a cozinha vermelha, o que já cansou depois de vermos a lindeza criada em Moonlight ser copiada e escrachada infinitamente.
A beleza do personagem de Kit seria até contraditória se Golding não fosse um ator tão competente, dirigido por um diretor de mão cheia.
Monsoon é o filme que vem, na minha opinião, quebrar paradigmas do cinema gay e por isso estar ao lado de (de novo) Moonlihgt, mostrando que você não precisa fazer um filme só com sexo ou só com algum tipo de melancolia existencial, que como na vida real, essas indagações e verdades coexistem e não necessariamente se anulam.
NOTA: 1/2