Direto da Lituânia vem Advokatas, ou Advogado, o filme gay mais legal da temporada.
Primeiro que sempre é legal ver filme gay vindo diretamente de países tão próximos à Rússia e sua política totalmente homofóbica como um dos melhores do ano passado E Então Nós Dançamos, vindo diretamente da Geórgia.
Claro que a Lituânia e a Geórgia são nações independentes mas a aura soviética com tudo de ruim e um pouco de bom ainda paira por aquelas plagas.
Segundo que é mais legal ainda ver um filme gay onde o personagem principal, um gay “padrão”, como a comunidade costuma chamar por aqui, o bem sucedido, advogado de uma grande corporação nos seus 40 e poucos anos de idade, só sai com caras mais novos e mais bonitos e mais fortões e claro, mais pobres, pra que ele tenha alguma tipo de poder.
Até que ele conhece um refugiado em um aplicativo de “paquera” (posso escrever paquera sem parecer um velho decrépito?) e aos poucos vai se apaixonando pelo cara de uma forma que não esperava.
Tanto não esperava que o advogado bonitão, rico e bem babaca, como todo advogado rico (ops), aos poucos vai percebendo que está mudando sua filosofia de vida não só pela paixão pelo desconhecido, mas percebe que ele finalmente está enxergando o mundo ao seu redor e não só o mundinho gay padrãozinho que ele criou para sobreviver com seus amigos e peguetes.
Tudo isso pode fazer parecer que o filme seja uma bobagem sem tamanho, mas Advokatas é o tipo de filme com uma história em principal banal contada através de um roteiro muito bem escrito e o melhor, por um diretor muito talentoso que tira leite de pedra.
A desconstrução do personagem principal poderia ser óbvia e sem graça, mas ela é tão sutil e bem construída que a gente acaba tendo simpatia pelo cara, apesar de todos os pesares.
E não só isso.
Advokatas trata todos os personagens do filme da melhor forma possível, fazendo com que todos sejam totalmente “reais”, com história, com profundidade.
Eu sempre falo aqui de profundidade de personagem, mas essa é uma das principais características para que uma história seja bem contada, a gente acreditar em quem está falando com a gente através do filme (ou da série, ou da peça).
NOTA: 1/2