Deu-se a largada à 10a edição do Cinefantasy, mais um grande festival brasileiro de cinema de gênero, como já disse, todo online na plataforma do Belas Artes à la Carte.
A pré estreia do festival foi ontem com a estréia mundial do novo filme do mestre do horror brasileiro, Rodrigo Aragão e seu O Cemitério das Almas Perdidas.
O filme é dedicado ao José Mojica Marins, o maior de todos Zé do Caixão e eu diria que poderia ter sido escrito e realizado pelo próprio.
Se tivesse sido feito em 1971, época que Zé do Caixão realizou seus melhores filmes, O Cemitério das Almas Perdidas seria um filme 5 claquetes.
Mas o filme foi feito agora e por mais doido que seja, mais sangrento que seja, mais “degolador” que seja, o filme deixa bem a desejar.
Não dá pra hoje em dia fazer filme com um roteiro bom, histórico legal e demoníaco e não dar importância a direção do elenco.
O filme começa com um padre jesuíta vindo de Portugal para o Brasil (em uma caravela?) que usa os “encantamentos do mal” do famoso livro de São Cipriano invocando satanás para salvar a tripulação toda a um preço alto.
Começa que esse povo que chega aqui parece uma galera vinda de uma torre de Babel, cada um com um sotaque diferente, um fala espanhol outro português, outro carioca, outro portuñol, uma beleza em uma época onde globalização não existia, quando os portugueses odiavam os espanhóis, ainda mais cruzando o Atlântico.
Ao chegarem ao Brasil, esses doidos satânicos usam o mesmo livro para detonarem aldeias de índios e antes de conseguirem, são aprisionados em um cemitério maldito, vivendo lá como mortos vivos esperando oferendas vivas para sua satisfação gastronômico dos infernos.
Outro ponto aqui foi a oportunidade perdida de Aragão ter feito pelo menos uma mini crítica que seja ao extermínio indígena pelos portugueses. Tendo a faca do demo e o queijo na mão, o que poderia ser genial, não existiu.
Esse cemitério é tão desgraçado que não só dá nome ao filme como continua existindo por gerações e gerações e assim segue o filme.
O Cemitério das Almas Perdidas não é um filme ruim, muito pelo contrário.
Aragão se supera a cada filme e aqui chega a um nível técnico de maquiagem e efeitos especiais lindo, muito bem fotografados e com a direção de arte mais impressionante possível, apesar de algumas coisas parecerem ter saído de uma casa assombrada de um parque de diversões.
A conclusão toda é a de que Rodrigo Aragão filma como se filmava 40, 50 anos atrás e não tem vergonha disso.
Bom pra ele e bom pra gente que assiste seus filmes e se lembra de um tempo que se foi e que talvez não precisasse voltar mais tão cedo.
Mas se você curte um padre que se vendeu ao satanás, muito, mas muito sangue mesmo e corpos despedaçados, vai adorar esse filme.
NOTA: