Sleep é mais um filme absurdo vindo direto dos screeners online do Fantasia Festival e olha, um dos melhores que vi até agora.
O filme alemão é um delírio, uma mistura de pesadelo com paralisia do sono com delírios culposos e uma pitada viajante de memórias nazistas obviamente do mal.
Tudo começa quando uma mulher mente para sua filha que vai trabalhar e acaba indo para um hotel no interior da Alemanha que aparece recorrentemente em seus sonhos.
Sonhos, inclusive, que meio que detonam a vida dessa mulher que precisa se medicar pesadamente para evitar a paralisia do sono e pior, evitar que seus delírios oníricos acabem em violência onde ela pode desde quebrar tudo que esteja por perto até machucar alguém ou ela própria.
No tal hotel, dormindo sozinha, ela é obviamente acometida por um desses eventos do sono, vai parar no hospital e sua filha vai para lá cuidar da mãe como pode.
Ou melhor, enquanto ela espera que sua mãe volte ao seu normal, ela fica hospedada no mesmo hotel e em uma pequena investigação começa a descobrir o porquê de sua mãe ter ido pra lá e pior, descobrir o quanto as pessoas de lá não querem saber dela e muito menos de sua mãe.
Sleep poderia ser um sobrinho neto de O Iluminado, onde o hotel afeta a existência real de uma família e também detona o seu plano onírico.
A mistura de sonho e realidade, de memória e delírio é uma das grandes coisas do filme do diretor Michael Venus.
Por vezes Sleep acaba se perdendo em um delírio inconsciente de edição onde algumas cenas se arrastam mais do que deveriam e acabam prejudicando o ritmo do filme.
Por outras vezes, o vai e vem dos níveis de história se misturam propositadamente com a função de sustos, mas não os de pular da cadeira e sim os de “acorda e presta atenção nisso que é importante”.
Ainda não sei se eu gostei desses avisos, se eram necessários mesmo.
Mas chega uma hora que Sleep mostra a que veio, apesar de nos jogar na cara desde o início que o filme não vai ser facinho não.
Violência, sangue frio, drogas, mais violência, muito delírio, nazista desgraçado, tudo para contar uma história que nas mãos erradas ficaria muito aquém do que vemos em Sleep.
Dizer que Sleep é totalmente influenciado por Kubrick e Lynch é óbvio demais mas o legal é que usa essas referências em um universo quase de folclore, de horror do mato.
O delírio do filme atinge níveis de surrealismo por vezes, no sentido mais estrito da escola artística, onde o real é absolutamente determinado pelo sonhar.
E sempre que falei de sonho e de sonhar quis dizer: pesadelo. Imperdível.
NOTA: 1/2