Juro pra você que eu não achei que haveria a menor possibilidade de um documentário sobre o David Arquette ser tão poderoso.
E a premissa deste documentário é exatamente seu título: você não pode matar David Arquette.
Parece que o cara tem 7 vidas, é maravilhoso!
Sempre digo aqui que a regra número 1 para um bom documentário é encontrar um bom personagem e nesse caso, o ator que eu, pelo menos, sempre achei que fosse o bobão, o engraçadão tolo, fosse um grande personagem.
Não só isso, mas a história que David Arquette vem construindo em sua vida bizarra e que nos é mostrada (quase sem censura) nesse documentário é incrível.
O filme começa hoje em dia com David quase cinquentão, contando que há 10 anos não consegue um papel em filmes, saindo de um teste para outro, esperando respostas e não as recebendo.
Claro que isso é um exagero dele, ainda mais se você der uma olhada na página do imdb dele onde vai descobrir que ele trabalha um monte. Mas certeza que o que ele quer dizer é que não faz nada de muito relevante, nada do que ele gostaria de verdade de estar fazendo.
E como vemos nesse filme, esse é o modus operandi da carreira de David, muito mais baixos que altos, mas muito mais mesmo.
E ele tenta, vai atrás, se joga, mas ao que parece Hollywood tem a mesma percepção que eu tenho em relação a David Arquette.
Mas o cara é foda, vem de uma família foda e não para.
30 anos atrás ele levou seu amor pelo wrestling, a luta livre americana, às últimas consequências: se tornou um lutador e virou campeão mundial.
Claro que campeão mundial de wrestling é campeão dos EUA e só. Mesmo coisa que eles consideram o super bowl como o campeonato mundial de futebol americano, só que só rola lá.
Por isso ele virou uma lenda no mundo da luta livre, como a gente vê no filme, amado e odiado, por muitos considerado ótimo por ser um cara de Hollywood que entrou para a luta e para outros, a prova de que o “esporte” é uma piada, já que um ator poderia ganhar tal título.
Mas essa paixão de David o acompanhou, junto com seu melhor amigo Luke Perry, que faleceu ano passado e a quem o filme é dedicado.
Tudo isso levou David a voltar a lutar aos 48 anos de idade, depois de um ataque cardíaco, depois de ter colocado pontes de safena e tudo mais.
Em meses ele saiu de um “dad body”, de ter um corpo de paizão a um cara forte por todo o treinamento a que ele fez.
Ele vai pro México, aprender e ser abençoado pelas verdadeiras lendas da luta livre.
Ele participa de lutas, de competições, de eventos e o mais legal de tudo é ver o apoio que recebe da família e dos amigos, todo mundo sempre por perto mas com um pé atrás de medo, claro.
Aliás, um dos componentes mais bizarros do documentário é vermos que a atual esposa de David, Christina (que também é produtora do filme), é a cara, cuspida e escarrada, de Courtney Cox, sua ex-esposa.
Courtney, inclusive, que aparece algumas vezes no filme e dá a melhor explicação sobre sua relação com David, comparando-a a franquia Scream, genial.
You Cannot Kill David Arquette é lindo, conta uma história não usual do que esperamos de um ator de Hollywood da forma mais reverente possível.
Se eu tinha a impressão do David tontão, no melhor sentido, ao término do filme fico com a certeza de que ele é sim esse tontão, mas o tontão, bobão bacana, engraçadão mesmo, não um cara do mal, que é o que mais tem por lá, mas sim um cara amado por todos a sua volta, gente boa e que agora tem mais um fãzoca de carteirinha.
NOTA: