Pra comemorar meus 53 aninhos, hoje no dia 234 de 2020, uma ficção científica de horror russa das mais lindas.
Sputnik se passa nos anos 1980 com uma sonda russa com 2 astronautas voltando para a Terra só que quase no fim da viagem eles recebem uma vista inesperada e chegam muito bem acompanhados.
O filme se passa antes da glasnost, da abertura da União Soviética, antes da queda do muro de Berlim e ainda um pouco antes de Chernobyl que, como a gente vê na série, as informações eram totalmente escondidas pelo governo soviético.
Uma médica bem controversa por seus métodos, prestes a perder sua licença, é levada para o meio do nada onde os astronautas que chegaram estão não presos, mas se readaptando, como o governo quer que pensem.
O que acontece é que a médica é para lá levada afim de entender como o único astronauta que sobreviveu à chegada na Terra está vivendo com um monstro dentro dele.
E o melhor: como esse monstro não só usa o astronauta como hospedeiro mas também como… ops, quase.
Sputnik é uma mistura de ficção científica lo-fi, sem uma infinidade de efeitos especiais absurdos, o que é super interessante porque mostra muito como funcionava a ciência 40 anos atrás e como a falta de recursos, ou melhor, como os recursos disponíveis à época foram suficientes para que foguetes chegassem a lua ou ficassem dando voltas na Terra, apesar de tudo parecer muito caseiro.
O horror do filme obviamente vem do monstrinho, que ao mesmo tempo que é implacável, tem um lado bem fofo. Mas muito do horror vem da forma que a filosofia soviética é mostrada no trato com sua equipe de cientistas e do medo.
Assistindo o filme a gente fica na dúvida se o povo tem mais medo do monstro que vem do espaço ou dos burocratas do governo.
E aí que entra de novo a médica Tatyana que usa de sua racionalidade e de sua frieza científica para confrontar o desconhecido, seja ele vindo do espaço ou vindo dos andares mais altos dos edifícios do poder.
Sputnik é muito bem escrito e dirigido, até um pouco demais pra mim, talvez até sanitizado, mas que no final das contas se mostra uma ficção científica de monstro do espaço como há muito vínhamos precisando ver.
NOTA: 1/2