Lucky Grandma é um dos grandes filminhos de 2020 ponto final.
E o pior: por ser um filminho, um filme pequeno, indiezinho, difícil que apareça por esses lados de alguma forma que dê pra todo mundo assistir, como seria o mais justo e óbvio possível.
Um paralelo óbvio pra mim é compará-lo a um dos meus favoritos de 2019, The Farewell, que até hoje é meio que difícil por aqui.
The Farewell contava a história de uma sino americana que ia para a China passar uns últimos momentos com sua avó que estava prestes a morrer, num melodrama lindo demais.
Filminho pequeno, baratinho, bem indie, dirigido por uma baita de uma diretora, Lulu Wang, com um roteiro perfeito e estrelado pela melhor atriz possível, ganhou um monte de prêmios mas que na minha opinião não foram suficientes para a grandeza do filme.
Lucky Grandma poderia ter o mesmo parágrafo anterior: filminho pequeno, baratinho, bem indie, dirigido por uma baita diretora, Sasie Sealy, com um roteiro perfeito e estrelado pela melhor atriz possível, Tsai Chin, vivendo a melhor personagem possível, a vovó sortuda do título.
Ao contrário de Farewell, essa vovó maluca vai entrar nas maiores confusões, como se a sessão da tarde fosse para maiores de 16 anos.
A vovó é uma fumante inveterada, jogadora compulsiva, que mora sozinha, deixa sua família preocupada, que vende “pertences” para conseguir dinheiro para ir a Atlantic City de ônibus de excursão de velhinhos jogadores e passar a madrugada perdendo todo dinheiro.
Até que numa volta dessas excursões, cai em seu colo literalmente uma mala cheia de dinheiro, daquelas de filme.
A vovó não conta pra ninguém o que aconteceu mas logo recebe a visita de uns gangsters chineses atrás do dinheiro que só pode estar com ela.
Ela nega veementemente, jura por tudo o que pode e mesmo assim contrata um guarda costas para protegê-la 24 horas pode dia.
Eu poderia listar por ordem alfabética as grandes coisas de Lucky Grandma mas só vou dizer que é uma preciosidade travestida de comédia besta, com uma personagem principal escrita à perfeição e vivida brilhantemente por uma atriz tão perfeita, tão cheia de detalhes e nuances que com certeza vou usar esse filme em algum curso de cinema que vou criar em um futuro próximo pra mostrar o que é atriz de verdade.
Lembram quando eu babei descaradamente para a Marcelia Cartaxo em Pacarrete?
Tsai Chin como a vovó sortuda está no mesmo nível, também uma personagem quase caricata, em uma comédia quase de sessão da tarde que nas mãos erradas, como disse sobre o filme brasileiro, viraria um pastelão do Didi Mocó.
Mas não é.
Lucky Grandma é pérola a ser descoberta e venerada.
NOTA: