Já que a vida tá fácil, tudo tranquilo e sossegado, vamos de filme tenso. Bem tenso.
Pedra, Papel e Tesoura é um suspense argentino que bem devagarzinho, quase sutilmente, vai se transformando num horror de dar ódio de bom.
Jesus e Maria José são irmãos (apesar de parecer o início de uma oração) que vivem sozinhos na casa do pai que acabou de morrer, onde não fazem muito além de assistir O Mágico de Oz obviamente dublado.
Um dia, quase de surpresa, chega a meia irmã mais velha e adivinhem o nome dela? Magdalena.
Bom, pelos nomes, se você conhece um pouco de cristianismo já pode imaginar como cada um deles se comporta.
Magdalena é atriz, mora na Espanha, não tem contato com a família há tempos e voltou só para resolver as pendências do testamento e logo voltar para casa.
Só que os fofos Jesus e Maria José tem outros planos que começam com um empurrão em Magdalena escada abaixo onde ela quebra as pernas, machuca vértebras seriamente e não pode sair da cama por um tempo.
Mas olha só a sorte dela, seus irmãos bizarrinhos vão tomar conta dela direitinho.
Só que não.
Pedra, Papel e Tesoura é quase que uma homenagem a Louca Obsessão do Stephen King, onde a fã/enfermeira quebra as pernas do escritor para poder tomar conta dele sozinha, no meio do nada.
Sabe aqueles argentinos que a gente tanto ama, que há mais de 20 anos aparecem cada vez mais por aqui?
Pedra, Papel e Tesura está no topo desta lista: super bem dirigido, com um roteiro bom, sem firulas e também sem furos, com o elenco mais perfeito possível, onde em momento algum você vê quem está atuando em detrimento do personagem e o melhor de tudo, mostrando que o cinema de gênero é o que há hoje em dia.
O filme fala de loucura, de dominação, de família, de opressão, de delírio só que tudo isso com um viés de amor bizarro, de amor errado, só que de amor.
Amor pela Dorothy, amor pelo pai morto, amor de irmãos, amor pela casa onde se mora.
Mas um amor tão possessivo, tão doente, capaz de matar quem se ama para ter para sempre por perto, nem que sejam as cinzas numa caixa.
E eu estou quase dando o meu dedinho do pé esquerdo para falar de uns detalhes ótimos e absurdos do filme, mas consigo me segurar.
NOTA: 1/2