Direto e reto, curto e grosso: Mucho Mucho Amor, o documentário sobre Walter Mercado, lançado pela Netflix, é ótimo.
Mucho Mucho Amor é meio que um Na Cama com Madonna latino. E isso não necessariamente é bom. Ou ruim.
Eu nunca fui fã de Walter Mercado, nem achava ele engraçado nem nada.
Na época ele era pra mim só mais um astrólogo charlatão de televisão.
Como diria Dona Dudu, errado eu não estava.
Astrologia, né.
A questão do filme não é essa, do charlatanismo ou da “validade” da astrologia, mas sim contar a história dessa figura que tanto marcou a cultura popular latina, popular mesmo, além da pop.
O documentário conta a história do cara mais bacana do mundo, se é que isso seja possível.
Walter Mercado, pra quem vive sob uma pedra nas últimas décadas, é o cara do “ligue djá”, a bicha porto riquenha que se maquiava muito, usava roupas e jóias maiores e mais brilhantes possíveis e que lá nos anos 1990/2000, dava previsões astrológicas para quem ligava para ele e pagava (bem caro) por essas ligações.
No filme a gente vê a trajetória do ator e bailarino que se transforma em astrólogo milionário.
Quer dizer, isso a gente pensava, mas descobre que o milionário da história era o pilantra do seu empresário, o americano que teve a ideia de usar esse esquema de ligações telefônicas para ganhar dinheiro com a astrologia.
Walter Mercado se tornou uma personalidade tão gigantesca que o que mais me deixou chocado no documentário foi saber que ele era aquela persona bizarra 24 horas por dia.
Não consigo imaginá-lo nem no banho sem suas capas da Versace, isso para exemplificar toda a canastrice da pessoa e seus hábitos peculiares.
Eu comecei assistir o filme mais com uma curiosidade mórbida, por achar que ele fosse um grande truqueiro mesmo e ao final estava fascinado por sua fofurice.
Mucho Mucho Amor é daqueles documentários chapa branca que eu tanto odeio.
Parece que foi pago, escrito e editado pelo próprio Walter.
Não tem uma vírgula que seja desfavorável a ele, não tem uma cena onde ele não esteja absolutamente bem vestido e bem maquiado, claro que para seus padrões, e isso me irrita muito.
Mas o que nos arrebata é ele mesmo, Walter.
O cara tem um carisma que vou te contar.
Sua história é bem besta, o cúmulo da sorte e da ideia genial do tal americano que o “roubou”, mas sem o próprio Walter, provavelmente nada daquilo teria sido possível.
Como diz o outro que um documentário ruim ainda é um grande documentário, Mucho Mucho Amor não é essa maravilha que todo mundo está dizendo ser.
Apesar de não ser um filme ruim per se, é uma bobagem que o par que o dirigiu, Kareem Tabsch e Cristina Costantini, conseguiu transformar em uma obra tão curiosa sobre o bizarro que acaba ganhando várias claquetes só pela ideia em si.
NOTA: