Quem diria, nobre leitor, que em nossos dias assistiríamos uma comédia romântica fofa de ficção científica com viagem no tempo, ou melhor, loop temporal.
E melhor, estrelada pelo hilário Andy Sambergh (Brooklyn Nine-Nine, Saturday Night Live) e a maravilhosa Christin Milioti, que bênção.
E melhor de tudo: Palm Springs é um puta filme.
A história se passa em um casamento, em um hotel em Palm Springs, onde Nyles (Sambergh) acorda com a maior cara de tédio, transa com a namorada, que é a madrinha, da forma mais desleixada possível e vai levando o dia com o jeito de bode total.
Ele inclusive vai ao casamento, onde todos estão super bem vestidos obviamente, de bermuda, chinelo e camisa florida, como se estivesse num churrasco.
Inclusive, fica tomando cerveja na latinha até na hora que rouba o microfone da namorada estúpida que deveria fazer um discurso de madrinha e ele fala lindamente.
O que logo a gente percebe é que Nyles está preso nesse dia há tempos. E nem ele tem certeza de quanto tempo. Imagina, hoje foi ontem e também vai ser amanhã, pro resto da vida.
Quando ele vai explicar para a irmã da noiva mais ou menos isso, ela não lhe dá ouvidos e acaba caindo nesse loop temporal sem querer.
No outro dia descobre seu destino: vai passar o resto da eternidade no casamento. Com Nyles, que ela nem sabe direito quem é.
E pra piorar, com um outro cara que… Deixa pra lá.
Não, desculpe, pior de tudo é ficar preso em um casamento meia boca pro resto dos dias, já que se você morre, você acorda de novo na mesma manhã.
Deprê o suficiente?
Não se você acha a pessoa ideal para passar a eternidade.
Outro dia falando de The Old Guard falei de vampiros e highlanders imortais. Mas aqui é pior porque você é imortal mas só vive o mesmo dia.
Cúmulo do desespero, se não fosse engraçado.
A beleza de Palm Springs, diferente de, por exemplo, Feitiço do Tempo (o melhor de todos, também estrelado por um ex Saturday Night Live) é que a comédia leve dá brecha para discussões filosóficas profundas sobre o ser e o nada, sobre a eternidade, sobre vida, morte, tudo isso sem parecer pretensioso nem chato.
Afinal, essas questões profundas vão surgindo a medida que os dias vão passando, ou melhor, se repetindo e o (não) casal preso no loop vão chegando a conclusões sobre assuntos que nunca tinham sido importantes antes.
O poster do filme, que você pode ver aqui no post, é lindo, com os 2 deitados em bóias em uma piscina infinita.
Cada um recebe a eternidade que merece, certo?
Fiquemos com essa reflexão.
NOTA: 1/2