Ontem estava procurando Beats, um filme escocês que está para ser lançado e encontrei esse Hip Hop Beats perdido pela Netflix.
Talvez todo mundo já tenha assistido, o filme foi lançado ano passado, mas eu nunca nem tinha visto em pesquisa por lá.
Arrisquei, porque é estrelado por um cara que eu adoro, o Anthony Anderson de Black-ish e fui feliz.
Hip Hop Beats é um drama dos ótimos, com um subtexto político muito bom e o melhor de tudo, com um roteiro e direção de primeira.
O filme conta a história de um moleque de seus 17 anos de idade, August (Khalil Everage), um prodígio musical do hip hop que ninguém conhece porque vive trancado em sua casa no subúrbio perigoso de Chicago depois que sua irmã mais velha é assassinada na rua, num crime que ele sobrevive depois de também levar um tiro.
Um dia um funcionário da escola onde August estudava vai a sua casa perguntar a razão do menino ter parado de ir à aula e ouve a música que ele está fazendo no quarto, enquanto conversa com a mãe do menino ( a ótima Uzo Aduba, de Orange is the New Black).
A “pegadinha” é que esse funcionário já foi um produtor musical muito famoso tempos atrás mas que por causa de decisões e atitudes estúpidas, foi “cancelado” pelo mundo do hip hop e hoje trabalha na escola onde sua esposa é diretora.
Num acaso do destino, também conhecido como roteirista inspirado, Romelo, o ex produtor, insiste para que Romelo continue produzindo música e que permita que seu som seja mostrado para a “indústria”.
Um parêntese rápido, o produtor musical, que já foi protegido de Romelo e hoje é grande e famoso, pra quem ele vai mostrar a música de August pela primeira vez é vivido por Paul Walter Hauser (O Caso Richard Jewel), um cara que sempre faz papel de estranhão, de torto e que nesse filme, vemos que ele é um puta de um ator, já que eu sempre achei que ele fosse meio torto de verdade.
O filme é menos um musical que um drama.
Drama dos bons, com uma leitura óbvia do garoto perdido, preso em casa, super protegido pela mãe, traumatizado pela violência que lhe atingiu em cheio tendo um contato com um cara que espera que o geniozinho musical se abra para o mundo de novo.
Mas para mim o filme é quase uma fantasia onde esse homem experiente aparece para o moleque quase que em uma fantasia, já que em princípio eles conversam pela janela do quarto e aos poucos ele vai literalmente entrando em sua vida.
O tempo, a paciência, o ensinamento de Romelo fazem muito bem a Augusta. Mas o que ele não esperava é que sua sabedoria talvez não seja, como já não foi, muito bem vinda por outras pessoas.
A dicotomia do que fazer quando se sabe muito, do quanto se deve dividir e passar para a frente apesar dos pesares é o grande ponto do filme.
A vida é cheia de pregar peça em quem se sente totalmente certo de seus atos. E as histórias derivadas desse mantra, desse ensinamento, geralmente rende bons roteiros, como é o caso desse Hip Hop Beats.
NOTA: