Amo começar resenha assim: Sibéria e Ele é o Brokeback Mountain da Rússia.
Quando escrevi isso a primeira vez, provavelmente no God’s Own Country, dizendo que era o Brokeback Mountain inglês, escrevi entre aspas gigantes, meio que achando que não era preciso dizer isso pra se reportar sobre algum filme.
Mas com o passar do tempo vim chegando à conclusão que dizer que tal filme é o Brokeback Mountain de algum país é um baita elogio, como já falei, por exemplo, no caso da Finlândia com Amor Entre os Juncos.
Sibéria e Eu é um filme lindão, algo que há muito não via em um filme vindo do país do tosco do Putin.
A história de 2 cunhados apaixonados, sendo um cara casado com a irmã do outro, que precisam viajar até um vilarejo no meio da Sibéria para saber se a avó da esposa e do irmão está viva, já que não atende o celular há dias, é meio incrível.
O casado é policial, todo machão, obviamente.
O cunhado também é bem macho, para padrões ocidentais onde o gay não é tão proibido, já que na Rússia, eles deixam claro inclusive no filme, esse “estilo de vida” não é aceito e ponto final.
A viagem de final de semana dos dois sozinhos, onde para mim seria a desculpa perfeita para eles aproveitarem ao máximo sua intimidade, acaba sendo bem diferente.
E isso com certeza se deve a peculiaridades russas mesmo.
Aquilo que a gente via em Brokeback Mountain dos 2 caubóis doidos para se encontrarem uma vez por ano para extravasar o tesão já que ficariam sozinhos no meio do nada, aqui não é bem assim.
Parece que a noia é tão grande que o meio do nada não deve ser do nada para eles.
Paisagens lindas, casal lindo, papos sérios, filosóficos e promessas de amor vão tentando encontrar um caminho pela tão temida Sibéria quanto é temido esse amor proibido.
Mas não tão secreto, já que a esposa tem certeza que seu marido está apaixonado e tendo um caso. Com outra mulher.
A diferença de proximidade e intimidade de um casal gay em um filme brasileiro ou americano para esse filme russo é de se estudar mesmo.
A violência e a tensão russa são nunca vistas, ainda mais em um drama romântico como esse.
Mais impressionante ainda é um filme gay russo ter sido feito e lançado em primeiro lugar, parabéns ao diretor Viatcheslav Kopturevskiy em sua estreia nos longas.
NOTA: 1/2