Na minha humilde opinião, nada nas artes é pior do que a pretensão do artista e consequentemente de sua obra.
O Segundo Cordeiro é o filme mais pretensioso que eu assisti nos últimos, sei lá, 10 anos. Nem me lembro de ter visto um filme com esse nível de “querer ser”.
O Segundo Cordeiro é um drama com pitadas de horror que tinha tudo para ser um filmão. Mas a diretora polonesa Malgorzata Szumowska errou na mosca. Em cheio.
Pequenos spoilers daqui para a frente, o que é um alívio já que esse é daqueles posts de utilidade pública de fuja dessa porcaria, só leia, não precisa assistir.
O filme conta a história de um culto onde muitas mulheres divididas em 2 “setores”, as esposas e as filhas, vivem em função de um “homem sagrado”, o chefão.
Fim.
Quer dizer, o filme é isso, o primeiro terço eles vivendo no meio de uma floresta, ele escolhendo a “esposa” com quem vai fazer sexo a cada noite, as jovens dependendo de suas mães e uma dessas jovens bem crescida que começa a questionar toda a filosofia do tal culto.
O segundo terço do filme é com esse povaréu todo andando e andando no meio do nada, por florestas e montes e rios procurando um lugar novo para morarem.
O terceiro terço é a vida nova no “local sagrado” novo.
Tudo isso costurado por uma fotografia belíssima, planos longos e bem desenhados onde nada acontece, como se fossem fotografias com um pouco de movimento para o bel prazer da diretora e da falta de roteiro dessa bobagem.
Nem a trilha é boa, o que seria obrigatoriedade nesse caso, pelo menos fazer um video clipe de 90 minutos.
O destaque, além da fotografia, é o elenco comandado por um lindíssimo Michiel Huisman (de The Last Right), como deveria ser um líder de um culto desses e pela novata Raffey Cassidy, que faz a filha prestes a virar esposa revoltada com ares feministas.
A diretora usa referências que vão de The Handmaid’s Tale a Midsommar, mas até isso ela faz errado, escancarando tudo, acabando com uma beleza sutil que poderia surgir.
E aí que se explica toda a pretensão do filme, a falta de roteiro, a forma com mais importância que o conteúdo e o pior, a ideia de que esse “produto” poderia ser algo nunca visto antes, ou filme feito de uma forma absolutamente nova.
Para nossa sorte, nunca vimos nada antes como O Segundo Cordeiro, o filme que se fosse só porcaria e não pretensioso poderia até criar um culto ( de fãs e de admiradores) que não conseguiu criar nas telas.
NOTA: