A Casa é o novo filme da Netflix, produzido na Espanha e que, como todo bom filme médio da Netflix, é bem médio.
Se eu fosse cruel eu diria que um filme medíocre, mas em tempos pandêmicos, digo que é só um filme bem intencionado que morre na praia.
Numa leitura rasteira (e aqui não é uma crítica, é o rasteiro como óbvio), A Casa tem sido chamado de o Parasita espanhol.
Para A Casa ser comparado a Parasita o mundo precisa acabar, explodir tudo de verdade (não via Covid-19) e começar tudo de novo.
A única semelhança entre ambos os filmes é que em A Casa, um cara consegue se infiltrar numa família bem mais rica que ele.
Mas enquanto em Parasita o motivo era óbvio e ululante, político e algo com que todos nós nos enxergamos, em A Casa o motivo é o mais idiota possível.
Na verdade, eu passei o filme inteiro pensando: mas o cara tá fazendo isso tudo por que mesmo?
Javier é um publicitário super bem sucedido, de meia idade, bem casado e com um filho, que perde o emprego, não consegue outro e chega o dia onde ele e os seus precisam sair do apartamento de capa de revista onde moram e voltar para o subúrbio.
Ele fica mendigando trabalho com seus ex conhecidos e amigos enquanto ela vai trabalhar como faxineira em uma loja.
Não se conformando com isso, Javier fica de tocaia e quando vê que a nova família que ocupa seu antigo apartamento sai de casa, ele entra para matar saudade? Para se sentir em casa ainda? Ah sim, ele ainda tem a chave do apartamento, o controle da garagem, nada foi trocado.
Detalhes.
Só que Javier vai ficando cada vez mais obcecado (oi?) pela família que ocupou sua casa, que na verdade era um apartamento alugado, e vai entrando na vida real deles, sem dizer quem ele é na verdade.
Claro que a mentira tem perna curta, se não a esquerda a direita, e Javier começa a tomar medidas desesperadas para continuar vivendo essa fantasia doida e estúpida.
Veja bem, se isso lembra Parasita, é de longe. No filme coreano, como disse, os motivos eram óbvios, de sobrevivência, de enxergar uma brecha num mundo absolutamente desprezível e usar dela para não sumir da história.
Em A Casa, o cara não tem um plano, ele não entra no apartamento da família nova para roubar comida para a sua família que está sofrendo na periferia agora.
Ele se perde num devaneio que vai tirando sua sanidade até que o monstro, ele mesmo, no caso, entra em cena.
Imagina um Parasita feito às pressas por publicitários espertinhos. Esse é A Casa, um passatempo bom mas que deixa com gostinho de queria mais, bem mais que uma torneira mal fechada.
NOTA: 1/2