Emma é só mais uma confirmação que na vida tudo que é vem de alguma coisa que já foi um dia.
Parece letra de música do Lulu Santos ao contrário mas é a mais pura verdade.
Emma é baseado numa história da inglesa Jane Austen de 1815 e conta a história da Emma do título, um tipo de digital influencer lá de 200 anos atrás.
Olha a chamada do poster do filme: bonita, inteligente e rica.
Emma era tudo que as jovens e também as mulheres adultas que a cercavam queria ser.
Uma mulher bem bonita, muito inteligente, lia muito, tocava piano, costurava, se vestia muito bem, era filha de um homem muito rico que aliás vivia sob seus cuidados já que sua mãe tinha morrido e sua irmã mais velha já era casada, com filhos e morava longe.
O “passatempo” favorito de Emma era ser cupido, arrumar casamento para as mulheres que a rodeavam. E ela era orgulhosa de sempre acertar nos pares que criava.
Até o dia que achou que estava acertando e se embananou toda e ela meio que criou um tipo de ciranda do Drummond ao contrário.
E pior: sem perceber, começando por ela mesma e terminando na sua “melhor amiga”.
Só que ao contrário, veja bem.
E isso é o mais legal do roteiro, que não perde a graça dos (des)encontros da história da influenciadora da vida real.
Agora, o mais legal do filme é que Emma é vivida pela mini diva Anya Taylor-Joy e sua melhor amiga pela minha Diva, a quase brasileira com orgulho Mia Goth.
Um dos detalhes bizarros da história toda é que Emma exercia esse seu poder da forma mais orgulhosa possível: ele sempre de nariz empinado, sempre se exibindo, sempre deixando claro quem dava as regras por lá.
E as mulheres que a cercavam não só inferiores socialmente, porque ela era a mais rica e pronto, mas também fisicamente.
Sua melhor amiga era uma moça feia, pobre, esforçada e pior de tudo, não sabia quem era seu pai, seu oposto total.
Se isso não é exatamente o que as tais influencers e as bullies e as escrotinhas de filmes de high school americana fazem, não sei o que é.
Mas pra Jane Austen, sua heroína podia ser assim.
E o filme faz muito jus a esse espírito todo. Bela estreia da fotógrafa e agora diretora Autumn de Wilde.
NOTA: