Antigamente, lá pelos anos 1930, fake news funcionava assim: por exemplo, a União soviética era um país riquíssimo, gigante e próspero e feliz, até que um repórter do País de Gales, filho de uma mulher do Uzbequistão, que fazia parte da URSS, fica sabendo através de “fofocas” que amigos de familiares e familiares distantes estão morrendo de fome naquela parte do país. Ele vai para Moscou tentar investigar o caso e não consegue nem visto para ficar mais que 4 dias no país. Até que ele convence algum executivo do governo que precisa viajar para conhecer o lugar onde sua mãe nasceu e no caminho, ele pula do trem e descobre que os boatos eram reais. E que a propaganda stalinista era mais forte do que poderiam imaginar.
Esse é o Mr. Gareth Jones do título, um repórter investigando o paraíso comunista às vésperas da desgraça nazista.
A curiosidade do filme é que a reportagem mais a história real contada no filme foram fonte de inspiração para que Geroge Orwell escrevesse o clássico A Revolução dos Bichos.
O filme da grande diretora polonesa Agnieszka Holland conta lindamente essa história de curiosidade jornalística e tentativa de conexão com suas raízes.
Mr. Jones é um trailer com muitas (mesmo) pinceladas existencialistas e o que poderia ser genial acaba se perdendo.
A urgência do thriller de espionagem jornalística se desgasta com a necessidade da história da herança do jornalista.
E “de onde vim” atrapalhou o “pra onde vamos”.
Mr. Jones não é um filme ruim, só não é o que poderia ser se tivesse um pouco mais de foco e uns 30 ou 40 minutos a menos.
Agnieszka está cada vez melhor dirigindo personagens cheios de nuances e nos mostrando o quanto vale a pena contar histórias de formas que não esperamos recebê-las, para nos incomodar mesmo.
NOTA: 1/2