Come As You Are é uma daquelas pérolas sobre a qual eu faço questão de gritar aos 4 ventos: NÃO PERCA!
Lembra quando meses atrás eu falei de The Farewell e vocês não deram bola e chegou a época de prêmios e o filme ganhou um monte de coisas nas festas indies?
Come As You Are é da mesma laia.
Comédia que te faz chorar mesmo sem querer (querendo): quando me dava eu tava soluçando.
O filme conta a história de 3 americanos com deficiências físicas, dois de 20 e poucos anos, um já nos seus 30 anos que, virgens, resolvem ir até um um bordel no Canadá para fazerem sexo pela primeira vez.
Mas por que caralhos (ops) ir até outro país pra isso?
Bom, americano já vai pro Canadá pra comprar remédio ou para ir ao médico e não falir. Esses caras acharam online um bordel que trata decentemente homens com qualquer tipo de deficiência.
Só que para isso eles precisam viajar milhares de km em uma van, que precisam alugar, que caiba 2 cadeiras de rodas.
Entra em cena Sam, a motorista da van que só não rouba a cena porque ela e os 3 aventureiros são o melhor exército de Brancaleone do cinema recente.
Insegurança, medo, carência, 3 homens adultos que são tratados como crianças por seus familiares, não sem razão, mas principalmente porque esses familiares também acabam tendo todas essas dúvidas em relação a seus filhos.
Come As You Are trata disso tudo de uma forma tão urgente e incisiva e ao mesmo tempo com tanta certeza e clareza que ao final, eu tive certeza que o filme, mais que uma aula de roteiro, acaba sendo uma aula de como lidar com as diferenças.
Toda história de minoria tratada no cinema acaba pisando em ovos para não ofender ninguém, nem o objeto, nem o locutor, nem o espectador, apesar de que umas alfinetadas sempre são necessárias.
E as alfinetadas em Come As You Are existem e são sim necessárias muito por sua “obviedade”; mostrar o que já sabemos e lutamos contra por vezes se torna desnecessário, mas neste caso acaba sendo absolutamente obrigatório.
Como em todo road movie, os 4 de Come As You Are estão viajando com um objetivo que em princípio eles sabem exatamente o que é mas que na viagem, quando vão crescendo e entendendo que nada nunca é como planejamos ou como esperamos, os objetivos acabam sendo menos importantes que a viagem em si.
E essa é uma lição que deve ser aprendida, reaprendida e passada para frente por toda nossa vida.
NOTA: 1/2