Outro dia li que Elijah Wood e Daniel Radcliffe são praticamente gêmeos fílmicos na vida real, tentado com força, um dia após o outro, provarem que são muito mais que seus famosos personagens de quando eram jovenzinhos e os deixaram miliardários.
O que esqueceram de dizer é que o dinheiro deles é capaz de comprar todo e qualquer psiquiatra/hit man que eles precisem para sobreviverem a seus vícios, que sejam a bebida, as drogas ou tirar da frente gente que fale mal dos garotos prodígios.
E o que esqueceram de dizer também é que assistir, por exemplo, entrevistas com qualquer um dos dois é das coisas mais aflitivas possíveis, já que tanto o ex-Frodo quanto o ex-Harry parecem estar o tempo todo sob efeito de muitos e muitos psicotrópicos (legais ou não, tão cedo não saberemos) para conseguirem estar lá e falar algo relativamente entendível.
Isto posto, a cada bom filme de Radcliffe, ele faz mais um monte de porcaria, obviamente bancadas por ele mesmo.
Exatamente como Elijah, que prova com seu novo filme, o horror engraçadão Come To Daddy que ele deveria ficar em casa e dar dinheiro pros outros filmarem, como vem fazendo. Você não precisa aparecer, queridão, se liga.
Come To Daddy é de uma pretensão não só maior que o personagem de Elijah, um pseudo artista/celebridade/influenciador digital que recebe uma mensagem de seu pai que não vê há 30 anos para visitá-lo.
Chegando na casa lindona do cara, um cara muito mais velho do que deveria parecer por sua idade, Norval (a pretensão tá até no nome do personagem) vai aos poucos descobrindo que esse tempo todo sem notícias do pai não poderiam vir sem muitas novidades e surpresas, inclusive sobre o passado do próprio filho.
O começo de Come To Daddy é surpreendentemente bom, prometendo um baita de um filme, se não descambasse para a comédia besta como acentece (sátira? mas de quem?).
O filme sofre desse mal moderno de não ser nem uma coisa nem outra e nem uma terceira.
Tão ruim quanto a moda dos plots twists, das reviravoltas de roteiro, a mistureba de gêneros no cinema pop americano tem sido a sua derrocada.
Come To Daddy não é thriller, nem horror, nem gore, muito menos comédia. É um apanhado de ideias que seriam boas se desenvolvidas propriamente, o que não é o caso.
E não se deixe enganar se ler por aí que Come To Daddy é um filhote de Mandy que não é mesmo.
Infelizmente.
NOTA: 1/2