Indústria Americana é um dos 5 filmes indicados ao Oscar de melhor documentário esse ano.
Já vi os 5 filmes, amo muito o macedônio Honeyland, o mais lindo esteticamente e For Sama, o sírio mais punk que estraçalhou meu coração.
Obviamente que torço pelo brasileiro Democracia em Vertigem por motivos óbvios, mas acho que não tem tantas chances de vencer, se bem que ganhar seria uma bofetada na cara.
Indústria Americana tem uma vantagem grande na corrida: é o primeiro filme produzido pelo casal Obama, no que parece ser uma nova possibilidade para a ex-primeira família americana.
Mas Indústria Americana é o pior dos 5 filme (amanhã vou falar de The Cave, o outro sírio avassalador). Não que seja ruim, só não é genial.
Indústria Americana é na verdade uma fábrica que um milionário chinês abre em solo americano para produzir vidros para carros em Ohio, onde já foi uma fábrica da GM.
Com o fechamento da montadora americana, os trabalhadores e suas famílias ficaram totalmente sem chão e, claro e pior, sem trabalho.
Assim, com a abertura da Fuyao, o bilionário (obviamente um filhodaputa proporcional à sua fortuna), conseguiu acordos até então impossíveis para o mercado americano, como por exemplo, pagar menos da metade a hora trabalhada para seus funcionários.
E como disse uma delas, na época da GM se um filho pedisse pra ela comprar um tênis novo ela ia lá e comprava, hoje em dia ela não perde tempo pensando nisso porque não tem a menor chance de comprar.
A Fuyao foi para os EUA com uma filosofia: chegar de mansinho como a salvação de uma comunidade falida e aos poucos introduzir a maneira chinesa (insana para o ociedente) de trabalho com turnos enormes, folga mensal, cotas absurdas a serem batidas, salários irrisórios e funcionários sobrecarregados.
E a grande pegadinha de todas: os chineses não trabalham com sindicatos, o que na cultura americana é impensável.
Aliás, quando mostram a empresa na China, vemos que o sindicato fica dentro da própria Fuyao e junto está uma sede do partido comunista.
Quer dizer…
Os diretores Reichert e Bognar resolveram fazer um filme sobre a implantação da Fuyao porque haviam feito um documentário exatamente sobre o fechamento da mesma fábrica da GM, The Last Truck: Closing of a GM Plant.
O que é incrível é perceber que eles não sabiam onde estavam se metendo e o que foi acontecendo à medida que os anos de filmagem foram passando.
Indústria Americana é um ótimo filme da Netflix, seu casal de diretores é ótimo, não querem aparecer, estão ali observando e anotando mas não chega aos pés de seus outros 4 concorrentes.
Mas uma lição os americanos deveriam aprender com esse filme: os bilionários chineses logo logo vão tomar conta de tudo. O liberalismo proposto pela direita estúpida não existe, o que existe é esse bizarro liberalismo, como o chinês, onde os podres de ricos, quanto mais ricos mais podres, fazem o que querem, como querem.
E depois dizem que o mundo não está acabando.
NOTA: 1/2